Dólar tem alta firme R$ 5,33, com dados fracos de atividade dos EUA e risco fiscal

Semestre começa com temores renovados de recessão global; localmente, aprovação de pacote de benefícios pelo Senado gera cautela

Foto: Yuriko Nakao | Reuters

A primeira sessão do segundo semestre de 2022, o dólar opera em alta firme contra o real, chegando aos R$ 5,33 nas máximas do dia. O mercado local reflete o clima negativo no exterior com a divisa americana ganhando ante a maioria das moedas, após a aprovação pelo Senado de um pacote de benefícios com custo estimado de R$ 41,25 bilhões.

Por volta das 15h40, o dólar operava com ganho de 1,31%, negociado a R$ 5,3015 no mercado à vista. Na máxima, foi a R$ 5,3381. Já o dólar futuro para agosto avançava 0,89%, a R$ 5,3430.

A desaceleração da alta ocorreu em linha com o exterior. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar contra uma cesta de seis moedas fortes, subia 0,50%, aos 105,21 pontos. Na comparação com outras divisas emergentes além do real, o dólar avançava 0,77% ante o peso mexicano, 0,11% ante o rand sul-africano, 0,39% ante a lira turca e 1,56% do peso chileno.

Agentes do mercado local dividem suas atenções entre o cenário exterior e doméstico, com pressões negativas vindas de ambos os lados. Lá fora, os temores de recessão ganham mais força diante de dados desanimadores de atividade vindos dos Estados Unidos. Por aqui, as preocupações vêm do noticiário político.

Mais cedo, foi divulgado que o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial dos Estados Unidos caiu para 52,7 em junho, bem menor que os 57 registrados em maio, e dos 59,2 de abril, mas acima da prévia de 52,4. Esse é o menor nível desde julho de 2020 e a primeira vez desde que maio de 2020 que foram registradas queda nas vendas. Já o PMI industrial medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM) caiu a 53 pontos em junho, de 56,1 pontos, da leitura de maio.

Por aqui, o Senado aprovou em dois turnos uma PEC que contém uma série de medidas de auxílio por ampla margem – apenas um voto contrário. Somadas, as medidas contidas na PEC custarão as cofres públicos um total de R$ 41,25 bilhões este ano, montante que ficará fora do teto de gastos. Agora, a proposta segue para a Câmara.

“O mercado lê essa PEC como uma medida pra tentar garimpar votos nas eleições”, destaca Fernanda Consorte, economista chefe do Banco Ourinvest. “Isso tem causado uma aversão a risco adicional a Brasil. Isso que tem movimentado o mercado e tem gerado essa volatilidade com tendência de depreciação do real. O aumento de gastos em ano eleitoral piora muito mais a questão institucional brasileira”, comentou.

A mesma visão é corroborada pela Commcor DTVM em nota para clientes. Segundo a carta, a proposta está sendo vista por muitos como um “pacote eleitoreiro”, que “diminui a credibilidade fiscal do país, uma vez que novas ferramentas como essa poderão ser utilizadas futuramente para que haja um aumento de gastos fora do estabelecido pelo teto”.

Fonte: https://valor.globo.com/financas/noticia/2022/07/01/dolar-opera-em-alta-e-juros-futuros-recuam-em-linha-com-cenario-externo.ghtml

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