CBA, o possível e o necessário

Por Nelson Azevedo (*) [email protected]

Enfim, um passo decisivo foi dado para a emissão do CNPJ do CBA – Centro de Bionegócios da Amazônia. Com empenho da Suframa, gestão Algacir Polsin, e a obstinação do gestor do CBA, Fábio Calderaro, foi lançado no último dia O6, o edital de chamamento dos candidatos a assumir a OS-CBA, agora como organização social que pode agregar um novo patamar de Bioeconomia na região. Embora difícil de compreender ou aceitar o fato, duas décadas se passaram para essa afirmação. A história vai-se debruçar nesse imbróglio. Importa agora que está muito perto a definição/implantação do modelo de gestão do CBA, uma matriz econômica possível e necessária para a diversificação e adensamento do polo industrial de Manaus. Fomos testemunhas dessa obstinação recente em fazer com que a integração do Norte ao Brasil Central saísse das intenções do menos Brasília e mais Amazônia, fundamental para assegurar direitos de resgatar a diversidade biológica como fator de prosperidade e reafirmação da sustentabilidade, nossa definição inalienável do modo de produção da ZFM. Estão de parabéns os promotores e catalisadores desta definição.

O caráter estratégico da instituição

Olhando pelo retrovisor, voltemos ao ano 2000, no ambiente de constituição do CBA, e sua definição de propósitos, foi criado o PROBEM-Amazônia, um programa de biologia molecular, de caráter estratégico, que constituiria o Polo de biotecnologia na Zona Franca de Manaus. O vaivém das definições e das vaidades para definir a paternidade dessa criança, são algumas das versões/especulações  para fazer nascer uma economia das mais evidentes e urgentes de nossa região. Todos concordaram sempre com essa obviedade e disputavam sem sentido a prioridade das bravatas do infantilismo institucional.

Transparência, compromisso e competência

Mesmo assim, não seremos ingênuos de acreditar que, por um passe de mágica, tudo mudará do dia para a noite. Urge ficarmos vigilantes mais do que outrora zelando pela transparência, compromisso e competência dos movimentos que se seguem. Entre a percepção da obviedade de nosso Eldorado verde e a antecipação dessa utopia, teremos prováveis oportunidades de emprego renda e crescimento da economia e da melhoria da vida social, enfim, uma saída possível e mais do que nunca necessária.

Proibicionismo vesgo

Quando iremos conquistar o direito de aplicar na região os recursos aqui gerados como determina o mandamento constitucional? Esses recursos são cruciais para qualificação dos recursos humanos e implantação de parques tecnológicos de pesquisa, desenvolvimento e interlocução com o mercado. Além disso, é preciso sacudir a legislação proibicionista, não apenas trocando a letra dos dispositivos, mas a cultura distorcida que descamba para a venda de dificuldades para auferir facilidades.

Empreendedor não é malfeitor

Essa legislação, muitas vezes equivocada em sua interpretação, considera o empreendedor, antes de tudo, como um malfeitor. Ou seja, ele é um marginal do ponto de vista da lei até provar o contrário. Finalmente, os recursos aqui gerados, se aplicados em porcentagens discretas para provimento de infraestrutura, em menos de uma década, retornariam com faturamentos capazes de ampliar os tributos, expandir a riqueza e alargar as oportunidades de emprego renda, reduzindo a mazela da exclusão social.

Bio & Tic

No próximo mês, Manaus vai mostrar ao mundo o evento ExpoAmazonia BioTic, um ensaio do futuro de tudo aquilo que já começou, com a inovação tecnológica a partir da floresta, congregando Bioeconomia com Tecnologia da Informação e da Comunicação em novos arranjos que movimentem o capital intelectual, científico e inovador aqui consolidado e o almoxarifado de biodiversidade de que dispomos.

Mesquinhez ou leseira?

É preciso, portanto, revisitar a relação entre o que é possível e o que é necessário fazer, seguindo na batalha de conquista da segurança jurídica e atentos aos ditames da colaboração e da integração do país, para reduzir as injustas disparidades de crescimento econômico e desenvolvimento social e a eventualidade da tentação autoritária. Nesse contexto, perde o sentido a querela política para fazer valer o expediente constitucional e o legítimo anseio da Amazônia em resguardar o acesso a um novo padrão de desenvolvimento e sua inserção no sumário de uma nova civilização brasileira. O resto é mesquinhez ou leseira.

(*) Nelson é economista, empresário e presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, Conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.

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