Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB) estão praticamente confirmados para o comando do Senado e da Câmara a partir de fevereiro de 2025. Ao atraírem para suas órbitas as maiores bancadas das respectivas Casas, esvaziaram as candidaturas de seus adversários e consolidaram um cenário que deve se manter inalterado.
Favorito desde sempre, Alcolumbre não encontrou resistência. Sem adversário à altura, costurou pelas bordas com o apoio do PDT, PSB e PP até selar o seu destino com o embarque do PT, PL e PSD –a última, a maior bancada da Casa, aderiu à Alcolumbre à revelia de Eliziane Gama (PSD-BA), que anunciou uma pré-candidatura natimorta.
Se no Senado o cálculo foi simples, a engenharia foi mais complexa na Câmara.
Diante do impasse com Gilberto Kassab (PSD), que resistiu em abrir mão de Antonio Brito (PSD-BA) na disputa pela presidência da Casa, o então pré-candidato Marcos Pereira (Republicanos-SP) cedeu para ganhar: em uma espécie de nó tático, o presidente do Republicanos saiu de cena e deu lugar a um correligionário, Motta.
Chancelado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Motta varreu o espectro político da direita à esquerda. Uniu as duas maiores bancadas –PT e PL, que somam 160 deputados. Como uma espécie de força gravitacional, sua candidatura engoliu os partidos menores –das 20 siglas, só 5 não foram abrigadas (União Brasil, PSD, Psol, Avante e Novo).
Em suma, Motta empurrou Brito e Elmar Nascimento (União Brasil-BA) para fora do jogo, embora os 2 ainda resistam em admitir.
O QUE ESPERAR DOS 2?
De acordo com levantamento do Poder360, o senador Davi Alcolumbre seguiu majoritariamente o posicionamento do governo Lula nas votações feitas durante o 3º mandato do petista. O congressista repetiu o voto do líder do Governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), em 55 das 68 análises nominais – quando há registro individual aberto– em que ambos votaram em 2023 e 2024.
O governismo de Alcolumbre se mantém nas propostas consideradas relevantes pelo Planalto. Foram analisados 17 projetos considerados mais importantes para o governo: o senador votou com Lula em 12 –ou 71%. Dentre as propostas que o senador chancelou estão projetos da pauta econômica, como a reforma tributária –a principal vitória do governo no Legislativo– e o arcabouço fiscal, que substituiu o teto de gastos.
Motta, por sua vez, votou com o PT em 53,8% das vezes e, com o PL, em 46,2% em votações nominais de projetos prioritários para o 3º mandato de Lula. O deputado paraibano costuma acompanhar a oposição em temas da chamada “pauta de costumes”. Ele foi a favor, por exemplo, da derrubada do veto de Lula a um trecho da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) que proibia o uso de recursos para ações que estimulem “aborto, transição de gênero”.
O deputado, no entanto, tende a ser amigável ao Planalto em questões econômicas, as mais vitais para Lula. Motta acompanhou o governo em todas as 6 propostas econômicas de interesse do governo federal que tiveram votação nominal. Entre elas, a reforma tributária e a recriação do Dpvat.