A chantagem de Maduro a Biden

Ditador da Venezuela deve usar migrantes em seu plano

Nicolás Maduro está no poder desde 2012 na Venezuela - Foto: Reprodução/Fotos Públicas

O ditador da Venezuela, Nicolas Maduro, decidiu chantagear o governo de Joe Biden por causa das possíveis sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela. Isso porque Delcy Rodrígues, vice-presidente de Maduro, alertou Washington no dia 30 de janeiro que a Venezuela estava disposta a se recusar a receber migrantes deportados dos EUA se Biden impusesse novas sanções ao país sul-americano. A partir de amanhã 13, a Venezuela deve pôr em prática sua chantagem.

“Se cometerem o erro de intensificar a agressão econômica contra a Venezuela, os voos de repatriação de migrantes venezuelanos serão imediatamente revogados a partir de 13 de fevereiro”, Rodríguez

De acordo com Maria Anastasia O’Grady, analista política do jornal norte-americano The Wall Street Journal, a decisão de Maduro é um ato de desespero por parte de um governo ilegítimo — reforçado pela tentativa da Venezuela de anexar a Guiana. Caracas está sentindo a pressão internacional (inclusive de governos de centro-esquerda) para realizar eleições livres.

O’Grady lamenta que, dado o histórico de complacência do governo Biden com regimes totalitários, há motivos para temer que Maduro cumpra sua ameaça a partir de amanhã. E que seja beneficiado por Biden. A analista diz também que Vladimir Putin e Xi Jinping dominam o “homem forte venezuelano”.

Em outubro deste ano, a ditadura de Maduro prometeu eleições limpas em 2024, quando assinou um acordo — mediado pela Noruega — com a oposição em Barbados. A analista diz que ninguém esperava que Maduro fosse cumprir sua palavra, exceto talvez Biden. As sanções contra a ditadura sul-americana estavam em vigor desde a administração Trump.

Porém, com Joe Biden, os EUA permitiram que a Venezuela descumprisse o prazo para reintegrar candidatos “banidos” nas eleições. Em janeiro, o Supremo Tribunal, escolhido a dedo por Maduro, desqualificou a candidata popular da oposição, Maria Corina Machado, sob alegações consideradas “absurdas” pelos observadores internacionais. Machado foi acusada de “conspiração” contra o seu país — e viu membros de sua equipe serem presos a mando do ditador venezuelano.

Em 2023, Machado vencera Maduro nas primárias com mais de 90% dos votos, e por isso ela é a grande favorita para derrotar o ditador em caso de eleições justas. O atual governo venezuelano quer eliminar Machado das urnas, na esperança de que surja um “multicandidato”, o que fragmentaria a oposição. Esta é uma velha tática dos governos autoritários para se perpetuarem no poder.

Sanções dos EUA contra Nicolas Maduro

Em janeiro, os EUA afirmaram que estavam se preparando para reimpor as sanções ao petróleo e ao gás venezuelanos em abril. O que deve acontecer em meio à “ausência de progresso” por parte de Caracas no que tange às eleições legítimas.

Ainda de acordo com o Wall Street, a Venezuela está habituada a intimidar Biden com chantagens e vê-lo recuar, e agora está usando a situação dos migrantes para convencer os EUA a desistirem das sanções. No entanto, bloquear a entrada de cidadãos venezuelanos no próprio país seria uma seriíssima violação do Direito internacional.

Na quinta-feira 8, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução (446-21) em que afirma que não reconhecerá as eleições na Venezuela se Machado não conseguir autorização para concorrer. A Europa também quer sanções contra o Supremo Tribunal da Venezuela e às suas forças de segurança por causa de “abusos de poder” contra opositores da ditadura comunista.

Na semana passada, o site oficial do presidente Lula, chamado de “pró-Cuba” pela analista norte-americana, anunciou apoio do Brasil à implementação do acordo de Barbados — desacreditado pela maioria das democracias do mundo. Nos EUA, até mesmo líderes da esquerda disseram que na Venezuela “todos os candidatos devem ser elegíveis para competir. Machado é a candidata da oposição”.

Porém, a sensação de otimismo na ditadura comunista sul-americana durou pouco. Isso porque o presidente colombiano Gustavo Petro, antigo terrorista de esquerda, foi sugerido como mediador entre a ditadura da Venezuela e a oposição. O’Grady conclui com uma ironia: “Aparentemente, Raúl Castro não está disponível”.

Fonte: https://revistaoeste.com/mundo/a-chantagem-de-nicolas-maduro-a-biden/

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