
O Conselho de Segurança e Defesa do Sudão, alinhado com o Exército, deve se reunir nesta terça-feira (4) para avaliar uma proposta de cessar-fogo apresentada pelos Estados Unidos. A informação foi confirmada à AFP por uma fonte governamental.
A reunião ocorre em um momento crítico, uma semana após as Forças de Apoio Rápido (FAR) — um grupo paramilitar em guerra contra o Exército desde abril de 2023 — terem capturado a cidade de El Fasher, o último reduto das Forças Armadas oficiais na região de Darfur. As FAR agora parecem preparar um ataque à província central de Kordofan.
Esforços de mediação internacional
A proposta de trégua dos Estados Unidos é parte dos esforços do grupo ‘Quad’, formado por Estados Unidos, Egito, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. Essas potências negociam há mais de 30 meses para buscar uma solução para o conflito.
- Proposta anterior e rejeição: Em setembro, o grupo ‘Quad’ já havia apresentado um plano de trégua. A proposta incluía uma trégua humanitária de três meses, seguida por um cessar-fogo permanente e um período de transição de nove meses para um regime civil, sugerindo a exclusão tanto do Exército quanto das FAR do processo político. O governo sudanês, alinhado com o Exército, rejeitou o plano na ocasião.
Alerta de crimes de guerra e crise humanitária
A ofensiva das FAR contra El Fasher gerou relatos de extrema violência, que motivaram alertas de organismos internacionais:
- Tribunal Penal Internacional (TPI): Nesta segunda-feira (3), o TPI expressou “preocupação sincera” com os relatos de assassinatos em massa, violência sexual, ataques a trabalhadores humanitários, saques e sequestros durante a ofensiva. O Tribunal alertou que “os atos, se confirmados, podem constituir crimes de guerra e crimes contra a humanidade”.
- Organização das Nações Unidas (ONU): O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu nesta terça-feira o fim do “pesadelo de violência” e alertou que a “terrível crise no Sudão (…) está saindo do controle”. Guterres implorou às partes beligerantes que “sentem agora mesmo à mesa de negociações”.











