“Tem jabuti na árvore!”: Ex-integrante do CNPS faz revelações bombásticas à CPMI do INSS

A advogada Tonia Andrea Inocentini Galleti era conselheira Nacional de Previdência Social – Foto: Carlos Moura/Agência Senado

Nesta segunda-feira (20), a advogada Tonia Galleti, ex-integrante do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) e coordenadora jurídica do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), prestou depoimento à CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS.

Galleti afirmou que denunciou irregularidades nos descontos associativos indevidos nos benefícios do INSS desde 2019, quando o Sindnapi começou a receber inúmeras reclamações de seus associados.

O esquema: filiações não autorizadas

De acordo com Tonia Galleti, o esquema envolvia entidades que estariam realizando filiações não autorizadas de aposentados e pensionistas, cobrando valores diretamente de seus benefícios previdenciários.

Para descrever a gravidade das fraudes em reuniões e contatos informais com autoridades, a advogada utilizou a metáfora: “tem jabuti na árvore”.

Alertas a “gregos e troianos”

A ex-conselheira detalhou a linha do tempo de seus alertas, afirmando ter avisado diversas autoridades, utilizando a expressão: “Eu avisei gregos e troianos”.

  • 2021 e 2022: Informou o ex-diretor de benefícios do INSS, José Carlos Oliveira, e o ex-presidente do instituto sobre as suspeitas.
  • Janeiro de 2023: Reforçou suas preocupações ao então ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), durante a transição do governo Lula.
  • Junho de 2023: Voltou a comunicar Carlos Lupi e outros diretores durante reunião do CNPS.

Galleti destacou que, embora o Tribunal de Contas da União (TCU) tenha realizado uma auditoria que resultou na Instrução Normativa 162 (estabelecendo procedimentos para regulamentar os descontos), o tema nunca foi formalmente debatido no CNPS. Ela também citou que barreiras políticas dificultaram o avanço na regulamentação dos Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) entre INSS e entidades.

Questionamentos sobre o Sindnapi

O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União), questionou Tonia Galleti sobre a atuação do Sindnapi. Embora a advogada tenha negado qualquer fraude por parte da entidade que representa, o foco do questionamento foi o crescimento expressivo no número de filiados do sindicato após uma parceria firmada em 2019 com a corretora CMG, ligada ao Banco BMG.

  • Dados: O aumento na filiação teria gerado R$ 600 milhões em arrecadação.
  • Contestações: Segundo os dados apresentados, 250 mil associados contestaram filiações indevidas.

Contexto da CPMI do INSS

O depoimento de Tonia Galleti ocorreu no mesmo dia em que a CPMI ouviu Felipe Macedo Gomes, ex-presidente da ABCB (Amar Brasil Clube de Benefícios). Gomes é acusado de movimentar R$ 1,1 bilhão em descontos indevidos entre 2022 e 2024, afetando milhares de beneficiários.

A CPMI, criada em junho, investiga um esquema bilionário revelado pela Operação Sem Desconto da Polícia Federal, com prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões entre 2023 e 2024.

Senadores como Fabiano Contarato (PT) e Izalci Lucas (PL) consideraram o depoimento da advogada essencial para mapear omissões e falhas regulatórias que permitiram a continuidade do esquema de fraudes. Por sua vez, o deputado Paulo Pimenta (PT) apontou falhas na investigação conduzida pela Controladoria-Geral da União (CGU).

Fonte: https://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2025-10-20/ex-conselheira-do-cnps-denuncia-fraudes-desde-2019-a-cpmi-do-inss.html

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