Iate usado por Lula na COP30 tem longa história de serviço a governadores amazonenses

Iate Iana 3 - Foto: Divulgação

O uso do iate “Iana 3” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela primeira-dama Janja durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, gerou controvérsia e reacendeu o debate sobre a transparência no uso de recursos públicos em hospedagens de luxo.

A embarcação, de propriedade do empresário amazonense Iomar Oliveira, é um nome tradicionalmente ligado à política da Região Norte, sendo utilizada por sucessivos governadores do Amazonas desde a década de 1980.

A escolha do iate para a comitiva presidencial

Segundo a coluna Radar da revista Veja, o “Iana 3” foi providenciado por uma agência de turismo contratada pelo Governo Federal, após o presidente Lula recusar a hospedagem em um navio da Marinha, que considerou “inadequado” para a comitiva.

O iate foi ancorado na Base Naval de Belém, sob esquema de segurança reforçado. A polêmica aumentou porque:

  1. Alto custo e sigilo: A cotação inicial para o aluguel de um iate para a COP30 seria de cerca de R$ 450 mil. Contudo, os custos finais da hospedagem presidencial foram colocados sob sigilo, gerando questionamentos sobre a transparência.
  2. Contradição com a sustentabilidade: Críticos apontam uma contradição entre o discurso de austeridade e sustentabilidade da COP30 e o padrão de conforto e luxo exigido pelo chefe de Estado.

Em defesa da escolha, o governo argumenta que a opção priorizou questões de segurança e logística, sendo necessária uma estrutura adequada para a intensa agenda da COP30, que incluiu reuniões e recepção de chefes de Estado estrangeiros.

“Iana”: um símbolo flutuante do poder no Amazonas

O nome “Iana” possui uma longa história nos bastidores políticos do Amazonas, onde as embarcações da frota foram usadas por sucessivas gestões estaduais como apoio logístico para deslocamentos oficiais no interior do estado.

Governadores como Gilberto Mestrinho, Amazonino Mendes, Eduardo Braga e Omar Aziz utilizaram o iate em diferentes períodos, transformando-o em uma espécie de “símbolo flutuante” do poder político regional.

O luxo dessas embarcações e os altos valores dos contratos de locação sempre geraram questionamentos. Atualmente, o “Iana 2” está a serviço do governador Wilson Lima.

Controvérsias ligadas ao “Iana 3”

O iate que serviu a Lula na COP30 já esteve no centro de outras polêmicas no Amazonas. Em 2021, a juíza eleitoral de Coari, Mônica Cristina Raposo, determinou uma inspeção no barco.

  • Na ocasião, o iate estava a serviço do governo do Amazonas, mas moradores denunciaram que, além de cartões de auxílio, foram descarregadas cestas básicas e outros materiais que supostamente seriam usados em compra de votos no município.

O proprietário e os laços com o poder

O dono do iate, Iomar Oliveira, é proprietário da Oliveira Energia, empresa que já teve contratos milionários com o governo do Amazonas.

Recentemente, Iomar Oliveira vendeu a Amazonas Energia ao grupo Âmbar, que pertence ao conglomerado J&F, controlado pelos irmãos Batista (os mesmos da JBS). Esse elo empresarial e político adiciona mais um ponto de discussão sobre as relações entre o setor privado e o poder público no estado.

Conclusão

O caso do “Iana 3” reforça uma tradição na política amazônica, onde o poder se manifesta em “águas de luxo”. Associado à passagem de Lula pela COP30, o iate carrega não apenas o conforto da elite política, mas também décadas de história como um personagem recorrente da política local, representando um ponto de convergência entre prestígio, poder e controvérsia.

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.