Mais de metade dos brasileiros têm predisposição à intolerância à lactose, de acordo com uma pesquisa realizada pelo laboratório de genética Genera com mais de 200 mil pessoas. Isso significa que cerca de 65% da população mundial pode ter o problema. As bebidas baseadas em plantas já são consideradas uma resposta eficaz para essa crescente população, então o mercado alimentício está trabalhando para fornecer novas soluções para esse público.
“O consumo de alimentos à base de planta, principalmente as bebidas vegetais, tem crescido expressivamente. Na vertical de bebidas, essa expansão deve-se, em grande parte, a uma enorme parcela da população que é intolerante à lactose e tem alergia à proteína do leite de vaca, mas também por uma demanda maior de grupos que vêm surgindo, como, por exemplo, os flexitarianos e veganos, que são conhecidos pelo consumo relevante no mercado brasileiro”, destaca Álvaro Gazolla, presidente da Associação Base Planta.
Outra pesquisa realizada pelo GFI e Snapcart em 2018 revelou que a porcentagem de pessoas reduzindo o consumo de produtos de origem animal era de 29%. Em 2024, esse número aumentou para 49%, evidenciando a evolução desses grupos como os flexitarianos, com quase metade dos entrevistados na pesquisa de 2024 apresentando tal comportamento.
O Brasil tem mais de 20% da biodiversidade vegetal do mundo, de acordo com um levantamento realizado pela Associação Base Planta, que reúne as principais empresas baseadas em plantas do país.
“O mercado interno de bebidas vegetais conta com 178 produtos de 48 marcas diferentes, que utilizam uma ampla variedade de bases, com origem brasileira de pequenos produtores espalhados pelo país, incluindo cereais, leguminosas, frutos, oleaginosas e mistas. Esta diversidade representa uma importante fonte de geração de empregos diretos e indiretos em todas as regiões do Brasil, abrangendo todas as etapas da cadeia produtiva”, afirma Gazolla.
Hoje, é possível encontrar produtos à base de vegetais que entregam muito sabor. As empresas estão cada vez mais preocupadas com a entrega nutricional dos seus produtos, e o consumidor está cada vez mais exigente quanto a isso. Porém, um grande desafio é o valor, já que as altas cargas tributárias que esses produtos à base de vegetais têm, principalmente as bebidas vegetais, comprometem a competitividade.
“Quando essa distorção de preço for ajustada, o consumo e o crescimento dessas categorias tendem a ser ainda maiores. Por exemplo, nos Estados Unidos e na Europa, não há diferença na alíquota tributária, então o produto consegue ser precificado ao consumidor muito próximo do seu alternativo à base animal”, afirma Gazolla.
Em um levantamento legislativo focado apenas em países da Europa que adotaram o IVA, identifica-se que na grande maioria dos países (23 de 27) há uma isonomia tributária.
“A Associação Base Planta está buscando esta isonomia, um preço mais acessível para que mais pessoas tenham acesso às bebidas plant-based. Precisamos sensibilizar a sociedade e nossos parlamentares para que essa pauta tão relevante para a saúde dos brasileiros não seja ignorada, impactando negativamente a vida de milhões de pessoas com alergias e restrições alimentares”, finaliza o presidente da Associação Base Planta.