ZFM ganha holofote, Ponta Negra vira caso policial e a floresta perde de goleada

Alckmin e a ZFM: Exportar é preciso, improvisar não

O presidente em exercício Geraldo Alckmin abriu a semana colocando o Amazonas e a Zona Franca de Manaus no centro da vitrine nacional. Em reunião com secretários estaduais, o vice-presidente armou o cenário para duas plataformas que prometem reposicionar o país na rota global: a Janela Única de Investimentos, prevista para 2026, e o já operante Monitor de Investimentos.

Para o Polo Industrial da ZFM, a agenda soa como música: mais espaço para exportações, atração de investidores estrangeiros e integração com a política nacional de cultura exportadora. Os números justificam o entusiasmo — faturamento de R$ 147,6 bi, mais de 129 mil empregos e uma corrente de comércio que coloca o Amazonas no mapa das grandes decisões econômicas.

Mas Alckmin também dá o recado implícito: o jogo agora é valor agregado. Se o estado quiser aproveitar a janela aberta, precisa deixar de ser apenas importador compulsivo de insumos e assumir lugar mais robusto na pauta exportadora.

A ZFM está na vitrine. Falta saber se vai desfilar ou só olhar o movimento.

Abrindo caminho ao Amazonas

Resultado é do período de janeiro a setembro deste ano – Foto: Divulgação | Secretaria Geral

Em clima de gestor que conhece o caminho das pedras, Geraldo Alckmin anunciou que a Janela Única de Investimentos deverá cortar R$ 50 bilhões do famigerado Custo Brasil, sonho antigo da indústria nacional e especialmente da Zona Franca de Manaus, cuja competitividade vive em disputa com a burocracia.

Para o Amazonas, o pacote vem com bônus: mais integração com o Governo Federal, acesso a ferramentas de promoção de exportações e reforço à atração de capital.

Alckmin também destacou o bom momento das exportações brasileiras e o avanço nos acordos comerciais do Mercosul, justamente o tipo de abertura que pode ajudar a ZFM a ultrapassar a barreira da dependência de importações.

Roda-gigante que virou caso de polícia

Foto: Divulgação

A novela da roda-gigante da Ponta Negra ganhou capítulos dignos de série cômica-policial. O brinquedo travou 48 horas após a inauguração, deixando passageiros presos nas alturas e o prefeito David Almeida em modo “CSI Manaus”.

O prefeito David Almeida levantou a suspeita de que a paralisação do brinquedo teria sido causada por uma ação deliberada. Ele mencionou que indivíduos ligados ao ex-vereador Amauri Gomes teriam tentado cortar fios da atração, sugerindo um ato de sabotagem.

Amauri, por sua vez, garante que no momento da pane ele e sua equipe estavam apenas lanchando no quiosque. Se sabotaram algo, foi só a dieta.

A empresa responsável pela roda-gigante emitiu uma nota confirmando que houve uma “ação humana externa” que resultou no travamento. No entanto, não especificou a natureza dessa ação nem a identidade dos envolvidos.

A Polícia Civil abriu investigação e pediu perícia, enquanto todo mundo espera que as câmeras de segurança revelem quem realmente apertou o botão errado.

A roda-gigante permanece inoperante enquanto o caso está sob investigação.

Alberto, Chico e a roda que não gira

Foto: Divulgação

No capítulo cultural da crise da roda-gigante, o deputado federal Capitão Alberto Neto decidiu interpretar “Roda Viva”, hino de resistência à ditadura militar. O fim da picada: um parlamentar bolsonarista cantando Chico Buarque para cutucar o prefeito David Almeida.

A performance — repleta de referências que o próprio Chico talvez classificasse como surrealistas — tenta transformar a canção em trilha sonora da denúncia do deputado sobre “contratinho relâmpago” na instalação da roda-gigante.

Segundo Alberto Neto, milagres em dois dias só mesmo para quem é amigo da prefeitura.

O problema é que nada combina: nem o repertório, nem o cantor, nem o tema. De todas as voltas que a política amazonense já deu, esta talvez seja a mais literal: uma roda que não gira inspirando um bolsonarista a cantar Chico com a maior desfaçatez.

Combo verde do Governo do Amazonas

Foto: Divulgação

No Amazonas, a inovação ambiental realmente não conhece limites. Enquanto o resto do mundo discute como preservar a floresta, o governo estadual parece ter descoberto um novo bioma: o Terceirizacionatus Maximus, capaz de transformar unidades de conservação em um grande coworking de créditos de carbono.

E nada mais simbólico do que assinar esse contrato — que agora está suspenso — logo no primeiro dia da COP30. Afinal, nada transmite mais seriedade climática do que aproveitar o palco mundial para oficializar um projeto sem consulta às comunidades afetadas.

Estragando a festa, ora pois

Foto: Divulgação

A Justiça, sempre estragando a festa, resolveu lembrar que povos indígenas e comunidades tradicionais existem e deveriam ser consultados antes de decidir o destino das terras onde vivem.

A decisão liminar colocou o projeto de carbono em modo “pausa”, o que, convenhamos, não combina com a pressa do governo em terceirizar metade do Amazonas antes do café da manhã.

Enquanto isso, o estado segue defendendo que está tudo dentro das normas, que todo mundo vai ser ouvido, e que ninguém deve se preocupar com pequenas minúcias como “benefícios às comunidades” ou “clareza contratual”.

Afinal, quando créditos de carbono podem valer R$ 8 bilhões, quem vai perder tempo com burocracia? No fim das contas, a paisagem amazônica pode até continuar intacta. Já a criatividade administrativa, essa continua desmatando a paciência amazônica.

Tamoiotatá e a arte de chegar atrasado

Foto: Divulgação

O Governo do Amazonas segue firme na missão de provar que a Operação Tamoiotatá é eficiente. O caso que motivou denúncia do Ministério Público de Contas escancara o absurdo: mais de 2 mil campos de futebol de floresta derrubados em Borba antes que a fiscalização resolvesse aparecer.

O IPAAM divulgou a multa milionária como se fosse medalha de honra, ignorando o detalhe de que, quando chegou lá, já não havia floresta para salvar — só o “tapetão” pronto para virar pasto. O MPC quer saber se os recursos do programa Floresta em Pé foram aplicados ou se ficaram só na conversa fiada.

Zero para a floresta

Foto: Divulgação

Com mais de 21 mil alertas de desmatamento no ano, a Tamoiotatá parece mais operação de pós-estrago do que de prevenção. O governo diz que monitora, que age, que fiscaliza. Mas, na prática, quando o time entra em campo, o placar já está 12 mil km² para o desmatamento e zero para a floresta.

Se continuar assim, o Amazonas terá o recorde de combater o desmate, mas sempre depois que a motosserra cantou sua música infernal.

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