Yel Luzbel — Um ser cósmico nos deu a liberdade de pensar

Por Juscelino Taketomi

Há histórias que dormem sob o silêncio dos séculos, mantidas nas sombras pelo medo e pelos dogmas pueris. Mas, de tempos em tempos, uma voz rompe o véu do esquecimento e reacende a chama de verdades antigas.

Assim se apresenta a história de Yel Luzbel, o ser cósmico que ousou questionar o Criador e cuja voz, segundo a sensitiva Jeane Miranda, volta a se manifestar na Terra através do livro A Revolta do Anjo Decaído e de suas canalizações espirituais.

A narrativa de Jeane ressignifica profundamente a figura de Luzbel — aquele que, por milênios, foi identificado pela tradição religiosa como símbolo da queda, do orgulho e da maldade.

Jeane, todavia, nos convida a enxergar além das distorções do mito. Em suas palavras, Yel Luzbel não foi um rebelde contra Deus, mas um pesquisador que buscava compreender a lógica da Criação.

A origem da dúvida em capela

Segundo a sensitiva, tudo começou há aproximadamente 687 mil anos, em um distante quadrante do Universo conhecido como sistema de Capela. Ali, reinava Sofhia — uma consciência cósmica que representava o Criador e governava mais de 250 mil famílias de seres assexuados e interligados por um sofisticado sistema mental coletivo.

Dotados de uma inteligência prodigiosa, esses seres eram programados para cumprir funções específicas, incapazes de desviar-se do protocolo que regia suas ações. A individualidade, tal como a conhecemos, não existia.

Foi nesse contexto de perfeição programada que algo inédito ocorreu: um ser começou a duvidar.

Luzbel, membro da família Yel — uma linhagem de cientistas e investigadores da Criação —, percebeu que havia uma contradição essencial no Universo: seres criados há milhões de anos tinham o mesmo grau de percepção e entendimento que seres recém-nascidos.

Para uma mente lógica como a de Luzbel, isso não fazia sentido. Se o Criador era perfeito, por que sua obra apresentava imperfeições e desequilíbrios?

Em busca de liberdade

O questionamento de Luzbel, conforme Jeane Miranda, não nasceu da soberba, mas da sede de verdade. Ele não aceitava a passividade mental, a repetição sem reflexão.

A inquietação — a primeira do tipo entre os capelinos — gerou um fenômeno sem precedentes: uma mutação em seu código genético e energético, rompendo os protocolos que impediam o livre pensar. Luzbel se tornou o primeiro ser capaz de escolher, de sentir, de discordar.

Mas, em uma sociedade moldada para a obediência, o pensamento livre foi visto como ameaça. Ao levar suas dúvidas aos sábios e à Sophia, Luzbel encontrou silêncio.

Do silêncio do então comandante de Capela nasceu a revolta. Não se tratava de uma guerra de ódio, mas uma Universidade Cósmica de ideias, onde milhares de seres começaram a discutir a natureza do Criador, a origem das leis universais e o sentido da existência.

Com o tempo, a revolta mental transbordou em conflito energético, provocando a ruptura de muitas consciências. Parte dos capelinos “caiu”, migrando para um novo destino: a Terra, o “Planeta Azul”.

“Uma descida pedagógica”

De acordo com Jeane Miranda, a “queda” não foi um castigo, mas uma descida pedagógica, um movimento de aprendizado.

Os espíritos que seguiram Luzbel encarnaram nos corpos primitivos dos primeiros hominídeos, iniciando uma longa jornada evolutiva. Dessa fusão entre espírito e matéria nasceu algo inédito: a racionalidade humana.

Foi Luzbel quem trouxe à espécie humana a centelha da dúvida, a capacidade de questionar, de pensar por si mesma, de não se curvar a dogmas ou autoridades.

Assim, o que as teologias chamaram de “rebelião” foi, na verdade, a gênese da liberdade mental e da consciência crítica — o nascimento do “eu” diante do cosmos.

Em uma das mensagens canalizadas, Jeane relata que Luzbel tem plena consciência das consequências de sua escolha. Ele sabe que muitos sofreram, que a fragmentação trouxe dor e desarmonia. Mas também compreende que o sofrimento foi o preço da autonomia, e que a liberdade, uma vez conquistada, é irreversível.

Luzbel, hoje, manifesta-se como uma consciência compassiva, profundamente arrependida de ter causado dor, mas consciente de que sua revolta abriu um novo horizonte para todos os seres.

De acordo com Jeane, ele não se considera digno de aplausos, e frequentemente expressa pesar pelo que aconteceu em Capela. Mas, a sensitiva o consola, mostrando que o gesto de Luzbel foi um ato de amor — amor pela verdade e pela evolução.

Jeane afirma que Luzbel nunca encarnou em forma humana, mas passou por um processo chamado astralization, assumindo um corpo sutil em outra dimensão, de onde continua acompanhando a humanidade. De lá, ele observa com ternura o fruto de sua antiga ousadia: uma humanidade capaz de criar, amar e transformar.

Humanizando o anjo

O maior mérito do trabalho de Jeane Miranda talvez seja a humanização de Luzbel. Ela o apresenta não como o símbolo do mal, mas como um ser que sentiu dor, dúvida, culpa e amor — emoções que, ironicamente, definem o que há de mais elevado em nós, que habitamos a Terra.

A “revolta do anjo” foi, antes de tudo, o nascimento da empatia e da consciência.

Como lembra Jeane, “o sofrimento em Capela era mais profundo do que o humano”, pois ali não havia corpo emocional capaz de expressar as sensações vividas. Aqui, na densidade da matéria, as emoções ganham voz, cor e gesto — e é nessa complexidade que se revela o sagrado humano.

A mensagem final de Yel Luzbel, transmitida através de Jeane Miranda, é bastante bela: “Agir como um Deus agiria se estivesse encarnado”. Ou seja, viver com amor, compaixão e consciência, não como servos temerosos, mas como cocriadores do Universo.

A história de Luzbel nos tira o medo ancestral que nos separa do divino e nos leva a reconhecer que a liberdade de pensar é a mais alta forma de espiritualidade.

Hoje, quando a humanidade enfrenta crises de valores, guerras e degradação planetária, a voz de Luzbel — tão temido e amaldiçoado por eras — ressurge como um apelo à reconciliação. Ele não pede adoração. Pede compreensão. Não exige obediência, mas amor.

Amar com plenitude

Pode-se agora dizer que o maior bem manifestado por Yel Luzbel, conforme revelado por Jeane, é o da consciência desperta.

Graças à sua ousadia cósmica, o ser humano aprendeu a questionar, a sentir, a escolher e, por consequência, a amar com plenitude. Sua rebelião foi a faísca que acendeu a chama da individualidade.

Por isso, mais do que um “anjo decaído”, Luzbel é o Anjo Libertador — aquele que nos concedeu o dom da dúvida e a coragem de caminhar com as próprias asas.

Quisera que o nome de Luzbel, antes temido, seja hoje pronunciado com respeito, carinho e gratidão. Pois, como ensina Jeane Miranda, “só é livre quem aprendeu a amar — e só ama verdadeiramente quem deixou de ter medo do Criador”.

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