
Um estudo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) mostrou que a combinação de adubação mineral com o uso de fungicidas pode ser a solução para combater a antracnose, uma das principais doenças que afetam as plantações de pimenta-de-cheiro na região. A pesquisa, coordenada pela professora e engenheira agrônoma Jânia Lília da Silva Bentes Lima, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), traz esperança para os agricultores familiares, que dependem desse cultivo para sua renda.
Ameaça à produção local

A pimenta-de-cheiro, ingrediente fundamental na culinária amazônica, enfrenta um grave problema: a antracnose, causada por fungos do gênero Colletotrichum spp.. A doença pode causar perdas de até 100% da produção, impedindo a comercialização dos frutos e impactando a economia de milhares de famílias.
Com o objetivo de reverter esse cenário, o projeto “Integração de adubação e controle químico no manejo da antracnose da pimenta-de-cheiro” buscou uma estratégia para aumentar a produtividade e, ao mesmo tempo, reduzir a necessidade de aplicações químicas.
A pesquisa e os resultados

A equipe de pesquisadores realizou experimentos em campo entre 2022 e 2023 na Fazenda Experimental da Ufam. A estratégia foi testar a integração do uso de adubação mineral (NPK) com diferentes fungicidas, como o Tenaz, Amistar Top e Clorotalonil. Ao todo, foram avaliados 16 tipos de tratamentos.
Os resultados foram promissores: a combinação de doses de adubação (100% e 200% de NPK) com o fungicida Azoxistrobina+Difeconazol levou a uma redução da doença e, principalmente, a um aumento significativo no número e peso dos frutos. Segundo a pesquisadora Jânia, essa abordagem tem potencial para beneficiar diretamente a agricultura familiar, já que pode resultar em maior produtividade e menor uso de produtos químicos.
A pesquisa abre caminho para novas recomendações técnicas que podem fortalecer o cultivo da pimenta-de-cheiro, um símbolo da economia e cultura da Amazônia.