
O turismo no eixo Israel–Palestina–Jordânia registrou uma queda drástica desde o início do conflito na Faixa de Gaza. Agências de viagem e operadores do setor relatam um número significativo de adiamentos e cancelamentos de roteiros, refletindo a preocupação dos viajantes com a segurança.
O impacto imediato: cancelamentos e paralisação
A reação do mercado foi imediata e intensa. Segundo Paula Ribeiro Piatra, geógrafa, guia internacional e especialista em Oriente Médio, a procura por viagens a Israel sofreu uma redução de aproximadamente 60%, com alguns pacotes cancelados definitivamente. “Destinos como Egito e Jordânia, que costumavam ser vendidos rapidamente, ficaram fora da prateleira por um bom tempo”, afirma.
Carol Caro, fundadora da Excursyn, agência especializada em destinos exóticos, confirma a paralisação: “No mesmo dia [do ataque de 7 de outubro de 2023], todas as reservas e grupos foram suspensos ou cancelados. Houve uma paralisação total do mercado para países como Egito, Israel, Jordânia e Marrocos. A insegurança gerada pelo cenário internacional afetou diretamente a decisão dos viajantes.”
Apesar da insegurança, especialistas ressaltam que os destinos do Oriente Médio são motivados por “propósito, fé e cultura”, o que torna difícil substituí-los por outras regiões.
Alternativas seguras atraem fluxo de turistas
O interesse pela riqueza cultural do Oriente Médio não desapareceu, mas os viajantes passaram a buscar segurança acima de tudo. Isso beneficiou países culturalmente próximos, mas politicamente mais estáveis, que se tornaram as principais alternativas: Marrocos, Turquia, Qatar e Emirados Árabes.
“Os viajantes continuam interessados na riqueza cultural da região, mas buscam segurança acima de tudo”, afirma Piatra. As operadoras estão respondendo à demanda com roteiros adaptados, focados em experiências de turismo histórico, gastronômico e vivências locais, sem envolver regiões em alerta.
O setor se adapta: flexibilidade e transparência
As agências de viagem priorizam a transparência e a prudência. Pacotes para áreas de risco são replanejados, transferidos para datas futuras ou cancelados com reembolso.
Paula Piatra explica a postura do setor: “Trabalhamos em parceria com operadoras e companhias aéreas que oferecem flexibilidade nas remarcações. Mantemos os viajantes informados sobre comunicados oficiais do Itamaraty e órgãos locais de turismo, para que possam tomar decisões conscientes.”
Ajustes nos Preços: O impacto do conflito também se reflete nos valores dos pacotes. Destinos alternativos, como Turquia e Emirados Árabes, registraram aumento de preços (reflexo da alta demanda e ajuste sazonal). Por outro lado, Israel registrou aumento médio de 15% nos pacotes para 2026, refletindo a elevação dos custos locais, enquanto Egito e Jordânia mantiveram valores estáveis. “As operadoras estão segurando reajustes até que a demanda volte a crescer”, afirma Carol Caro.
Quanto custa viajar agora?
O impacto do conflito também se reflete nos preços, tornando pacotes para destinos alternativos mais caros devido à alta demanda. Para destinos como Turquia e Marrocos, pacotes de 7 a 10 dias podem custar entre R$ 3.000 e R$ 6.000. Já para Qatar e Emirados Árabes, os valores tendem a ser mais elevados, com pacotes a partir de R$ 5.000, refletindo o alto padrão de serviços e experiências exclusivas oferecidas.
Perspectiva de recuperação e retomada
Apesar das turbulências, o turismo no Oriente Médio possui um histórico de recuperação rápida após períodos de conflito, impulsionado pela riqueza histórica e espiritual da região.
A Excursyn espera que a procura alcance cerca de 50% do volume pré-conflito nos próximos seis meses. A médio prazo, Paula Piatra vislumbra uma “retomada positiva, com foco em experiências culturais mais conscientes e responsáveis,” valorizando a compreensão e o contato humano em cada viagem.
Dicas para conhecer o Oriente Médio com segurança
Para viajantes que planejam conhecer a região, a cautela é fundamental:
- Planeje com Flexibilidade: Opte por pacotes com políticas de remarcação favoráveis e considere seguro de viagem completo (incluindo cobertura médica e cancelamento).
- Monitore Avisos Oficiais: Acompanhe as informações de segurança do Itamaraty e de órgãos de turismo locais.
- Escolha Destinos Estáveis: Em momentos de alerta, países próximos ao conflito podem oferecer experiências similares com menor risco imediato.
A adaptação das agências e a busca por flexibilidade demonstram que o setor está preparado para atender às expectativas de viajantes que, mesmo em tempos de conflito, mantêm vivo o interesse pela região, valorizando a segurança e a consciência cultural.
Fonte: https://turismo.ig.com.br/2025-10-17/turismo-oriente-medio-muda-apos-conflito-gaza-veja-precos.html