Sistema prisional em Atalaia e Tabatinga é debatido com indígenas e familiares de presos

Encontros reuniram instituições e lideranças indígenas para debater violações de direitos e propor melhorias no âmbito do plano Pena Justa

Famílias indígenas relatam violações e propõem mudanças no cárcere do interior do Amazonas - Foto: Divulgação/DPE-AMT

A Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM) participou, na última semana, das audiências públicas regionalizadas promovidas pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM). As atividades aconteceram nos municípios de Atalaia do Norte e Tabatinga, integrando a programação do Plano Estadual “Pena Justa”, que visa ouvir a população e reunir propostas para aprimorar o sistema prisional no estado.

A agenda começou na última quarta-feira (16), com uma audiência pública na Câmara Municipal de Atalaia do Norte (a 1.136 quilômetros de Manaus). O encontro buscou levantar problemas estruturais e institucionais relacionados à privação de liberdade no município. No período da tarde, a equipe do programa esteve na sede da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) para uma consulta direta com as lideranças indígenas da região, colhendo contribuições sobre a aplicação da pena entre indígenas privados de liberdade.

Já em Tabatinga (a 1.114 quilômetros de Manaus), na quinta-feira (17), a programação ocorreu na Comunidade Umariaçu II. O foco foi ouvir os familiares de indígenas da etnia Tikuna sobre a execução das penas e coletar sugestões para compor o plano.

De acordo com a defensora pública Luisa Lana, um dos principais problemas enfrentados em Atalaia do Norte é o compartilhamento do mesmo espaço físico entre a delegacia e a unidade prisional. “Ali temos presos provisórios e em cumprimento de pena em condições que não condizem com o previsto na Lei de Execuções Penais e nos Tratados Internacionais de Direitos Humanos”, disse ela.

Outro ponto destacado pela defensora foi a falta de políticas públicas para quem deixa o sistema prisional. “Há uma grande deficiência na oferta de oportunidades para os egressos, dificultando o alcance do objetivo de ressocialização”, afirmou.

Luisa Lana também ressaltou que, devido à falta de pessoal especializado, a Polícia Civil acaba exercendo funções que seriam da polícia penal. Isso compromete a garantia de direitos básicos das pessoas privadas de liberdade, como o banho de sol diário e as visitas íntimas. “Portanto, a audiência pública foi muito importante para ouvir a sociedade e as outras instituições sobre os problemas vivenciados e propor soluções para constar no Plano Estadual”, concluiu.

Por Aline Ferreira

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