
A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), realizou uma importante ação de saúde nesta quinta-feira, 25 de setembro, na comunidade indígena Iauareté Pixuna, localizada no bairro Distrito Industrial 2, zona Leste.
A iniciativa integrou a agenda do “Setembro Amarelo” (mês de prevenção ao suicídio) e focou em serviços de saúde mental, além de outras atividades essenciais de prevenção e promoção da saúde.
Durante a ação, famílias e usuários da comunidade participaram de uma roda de conversa sobre saúde mental e receberam escuta qualificada com psicólogos. O tema é crucial, visto que a saúde mental é uma questão grave na área da saúde indígena, que apresenta um índice de suicídio muito superior à média nacional.
André Lima, diretor do Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (Capsi) Leste e psicólogo, explica que a abordagem começou buscando entender a perspectiva cultural da comunidade sobre morte, suicídio e autoagressão.
“Porque a cultura é diferente, o olhar deles sobre a morte e o suicídio é diferente do nosso olhar. Portanto, inicialmente buscamos entender como eles veem essas questões para, a partir daí, trabalhar fatores de risco e fatores de proteção”, explica André Lima.
O psicólogo aponta a interferência da cultura não indígena como um fator que molda o alto índice de suicídio, citando o uso de álcool etílico — muito mais prejudicial que as bebidas tradicionalmente produzidas pelos indígenas — como um fator de risco.
Serviços de Saúde Oferecidos
A ação não se limitou à saúde mental. Os moradores tiveram acesso a uma gama de serviços da Atenção Primária à Saúde, incluindo:
- Consultas médicas e de enfermagem;
- Dispensação de medicamentos prescritos no local;
- Atendimentos em nutrição;
- Vacinação (calendário básico infantil e adulto);
- Testes rápidos para HIV e sífilis;
- Palestra sobre saúde bucal e distribuição de kits de higiene oral.
A técnica da Semsa, Alibia Pessanha (Disa Leste), que atua na área da População Indígena, reforçou que a comunidade Iauareté Pixuna está em situação de grande vulnerabilidade social, o que motiva a Semsa a intensificar a assistência. Ao todo, 24 comunidades são atendidas na rotina de ações do Disa Leste.
Agradecimento da liderança comunitária
A cacica Marta Kokama, que lidera a comunidade ao lado do cacique João Marcos Mura, agradeceu a iniciativa, destacando a importância de facilitar o acesso aos serviços de saúde para as mais de 600 famílias (indígenas de 20 etnias e não indígenas) que vivem na área.
“Ações como essa são muito importantes para o povo que mora aqui, agradecemos pela oportunidade. E saúde é igual água, a gente não vive sem ela”, afirmou a cacica.
A moradora Jamille Batista Rollemberg também elogiou a facilidade: “É muito bom ter essa ação na comunidade, pois não precisamos nos deslocar para longe para buscar o médico ou outro profissional de saúde”.
As equipes envolvidas na ação incluíram servidores do Distrito de Saúde (Disa) Leste, da Unidade de Saúde da Família (USF) Silas Santos, da USF Avelino Pereira e do Capsi Leste Dr. Rogelio Casado Marinho Filho.
Alerta e orientação do “Setembro Amarelo”
A campanha “Setembro Amarelo” deste ano, com o tema “Conversar pode mudar vidas”, foca na ética da comunicação sobre o suicídio.
O psicólogo André Lima alerta que a comunicação deve focar na prevenção, não em detalhes sobre o ato, e orientar o público a buscar ajuda. Ele ressalta que a ideação suicida (pensar ou planejar o suicídio) é uma emergência médica.
- Pessoas que têm transtorno mental ou pensamentos insistentes sobre morte devem buscar o Centro de Saúde Mental do Amazonas (Cesmam).
- Se a pessoa for menor de 14 anos, o local de socorro é o Hospital e Pronto-Socorro da Criança Zona Sul.
Assessoria de comunicação: Jony Clay Borges / Semsa