
Por Vinicius Callegari (*)
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a atividade florestal está entre as mais perigosas do mundo, com índices elevados de acidentes fatais e incapacitantes. No Brasil, onde as operações costumam ocorrer em regiões isoladas e com baixa infraestrutura de comunicação, os riscos se tornam ainda mais críticos: inclinações acentuadas, longas jornadas de trabalho, operações noturnas e a distância de hospitais especializados podem transformar qualquer incidente em uma ocorrência grave.
Na prática, a telemetria em ambientes florestais pode atuar em diferentes frentes: monitorando fadiga e padrões de direção dos operadores; registrando frenagens bruscas em ladeiras; identificando velocidade inadequada em trechos de risco; automatizando checklists de segurança antes da operação; e até mesmo emitindo alertas de manutenção preventiva para evitar falhas mecânicas em locais distantes. A conectividade via hardware independente de rede, garante que o monitoramento não seja interrompido mesmo em áreas sem cobertura de internet, um fator decisivo para o setor florestal.
Em alguns casos, a implementação de sistemas de telemetria pode reduzir significativamente a taxa de acidentes em operações florestais. Diversas empresas do setor já registraram reduções expressivas nos índices de incidentes com e sem afastamento, além de ganhos operacionais pela menor indisponibilidade de máquinas. Esses resultados não só impactam diretamente na segurança das equipes, como também reduzem custos com afastamentos, seguros e interrupções na logística.
Além do aspecto técnico, a telemetria reflete um compromisso concreto com a responsabilidade corporativa. Empresas que adotam esse tipo de monitoramento demonstram que a segurança de suas equipes é prioridade, indo além do cumprimento de normas regulamentadoras. Portanto, investir em tecnologias que protejam vidas é investir em cultura de prevenção e bem-estar, mostrando que a operação segura e a produtividade podem andar lado a lado.
Mais do que uma ferramenta de gestão, a telemetria promove uma mudança cultural. Operadores passam a enxergar que estão apoiados por dados confiáveis, gestores ganham embasamento para decisões rápidas e a empresa constrói um ambiente em que a prevenção faz parte do dia a dia. Trata-se de um novo paradigma: a inteligência de dados como elo entre eficiência operacional e preservação da vida.
Minha experiência mostra que, quando utilizada de forma estratégica, a telemetria não apenas reduz riscos, ela promove uma mudança de mindset. Operadores passam a se sentir mais seguros e apoiados, sabendo que decisões críticas podem ser orientadas por dados confiáveis, mesmo em áreas isoladas. Em última análise, essa combinação de tecnologia e cuidado humano garante que operações complexas ocorram com eficiência, segurança e confiança, protegendo o bem mais importante de uma empresa: as pessoas.
No futuro, o setor florestal deverá avançar para níveis ainda maiores de automação. Mas a base para chegar lá começa agora, com o uso inteligente da telemetria como ferramenta de prevenção e proteção. A tecnologia já se consolidou como a ponte entre produtividade e segurança – e esse será o diferencial das empresas que quiserem se manter competitivas e sustentáveis no longo prazo.
(*) é Co-Fundador da GaussFleet, maior plataforma de gestão de máquinas móveis para siderúrgicas e construtoras.











