Se a economia brasileira avançar até 2022, oposição não terá a menor chance contra Bolsonaro

Por Jorge Serrão*

O pragmatismo será a palavra-chave e a postura-master da relação entre o governo Jair Bolsonaro e o empresariado. O consenso vai se basear na necessidade de promover reformas para viabilizar negócios, empreendimentos produtivos, que fortaleçam a imprescindível prática do capitalismo no Brasil. O acordo pela governabilidade não se resumirá ao apoio para a reeleição do presidente (que pode acontecer ou não), mas a um comportamento — do governo, de empresários e de investidores — focado em gerar resultados bilionários em infraestrutura.

Já se desenha um racha no mercado financeiro entre aqueles banqueiros acostumados a lucrar com a política de juros altos, apenas na rolagem rentista da dívida pública, e outro segmento de banqueiros e cooperativas de crédito que têm interesses no crescimento do agronegócio e nas operações de fusões, aquisições e ampliação do mercado de capitais. Ficará clara uma polarização entre os grandes bancos (Itaú, Bradesco e Santander), apoiando o retorno inviável da esquerda que lhes rendeu tanto, e instituições como BTG, XP e cooperativas de crédito (Sicredi, Sicoob, Unicred e afins), que preferem a atual política econômica, pois desejam faturar alto com investimentos produtivos, e não especulativos.

Da mesma forma como a tendência conservadora deve se impor, novamente, sobre o triste passado esquerdista (que combinou má gestão, especulação financeira e corrupção com dinheiro público), também é muito provável que a nova e correta visão econômica produtiva também se sobreponha ao modelo rentista do lucro fácil apenas com a política de juros estratosféricos. Pode-se antever uma briga entre os donos de bilhões de reais, com diferentes visões políticas, econômicas e sociais. O confronto direto tem tudo para mudar o Brasil. Ainda mais porque vai coincidir com a implantação da tecnologia 5G nas comunicações, com impactos diretos de disrupção e evolução no consumo de informações, no comércio e na relação entre as pessoas.

Será nesse cenário de profundas transformações que vai vigorar o pragmatismo político-econômico de Jair Bolsonaro. Será a arma para embalar sua reeleição (vontade confirmada na recente entrevista à revista “Veja”). Por isso, é relevante que muitos dos apoiadores do presidente, principalmente os mais “apaixonados”, se preparem para entender e “tolerar” um comportamento menos belicoso de Bolsonaro. Não será um “Bolsonaro paz e amor”, mas sim um candidato à reeleição que vai mais dialogar com aliados a quem precisa conquistar e consolidar, bem no meio da guerra econômica já em andamento.

Se a atividade econômica “bombar” e a população tiver a percepção de melhora das condições de emprego, geração de renda, crescimento e perspectivas de desenvolvimento, a reeleição de Bolsonaro (ou de alguém que ele indicar) se viabiliza. Se isso ocorrer, a oposição, perdida e desmoralizada, fica sem a menor chance de vitória. O desempenho e a percepção social da economia serão decisivos para o resultado da eleição majoritária de 2022. O resto é marketagem e guerra de narrativas.

* É Jornalista, professor e flamenguista. É editor-chefe do blog Alerta Total e comentarista do programa 3 em 1 da Jovem Pan.

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