Saber pedir: a competência esquecida que define o sucesso na era da IA

Por Simone Viotto (*)

A inteligência artificial já faz parte do nosso dia a dia, mas, apesar da crescente adoção de ferramentas como o ChatGPT no ambiente corporativo, um grande desafio persiste: profissionais ainda não sabem como formular pedidos claros e eficazes.

Essa dificuldade em estruturar solicitações, seja para uma IA ou para um colega de equipe, afeta diretamente a produtividade, inovação e eficiência das organizações. Prompts vagos, solicitações genéricas sem contexto ou objetivos claros, e instruções contraditórias resultam em retrabalho e falhas de comunicação, um padrão que frequentemente leva ao fracasso no ambiente de trabalho.

Dados da consultoria McKinsey mostram que falhas de comunicação interna reduzem a produtividade das empresas em cerca de 25%. Além disso, a Harvard Business Review aponta que 57% dos colaboradores não entendem o que se espera deles em novas tarefas.

Nesse sentido, se a inteligência artificial pode amplificar falhas humanas, ela também serve como um espelho: pedidos claros geram resultados notáveis e precisos, minimizando ajustes. Esse princípio de alinhamento entre intenção e entrega vale tanto para máquinas quanto para interações humanas.

A arte de saber pedir (e perguntar)

Saber pedir é uma competência comunicacional estratégica que melhora relacionamentos, evita ruídos e impulsiona a performance. Para desenvolvê-la, algumas práticas simples podem ser incorporadas:

  • Defina o objetivo: Qual problema você quer resolver? O que precisa alcançar?
  • Forneça o contexto: O que motivou o pedido? Quais são os limites e as referências?
  • Estruture a demanda: Se for complexa, divida-a em etapas ou blocos.
  • Oriente com referências: Para trabalhos analíticos ou técnicos, indique bases de consulta confiáveis.
  • Valide a compreensão: Peça um retorno para confirmar se a demanda foi entendida como planejado.

Essa abordagem beneficia tanto quem faz o pedido quanto quem o recebe, incluindo a IA. A rápida evolução tecnológica exige maturidade organizacional, capacidade de síntese e visão estratégica, especialmente no que diz respeito à comunicação.

Portanto, uma cultura que valoriza a clareza e a comunicação eficaz está mais preparada para inovar, tomar decisões e escalar soluções, com ou sem IA. Afinal, pedir bem vai muito além de apenas saber usar a tecnologia; trata-se de extrair o melhor da inteligência artificial, das pessoas e de todo o ecossistema.

 (*) é Gerente de Gente e Gestão do Grupo Safira. Administradora com MBA Executivo em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e Liderança na USF, ela possui mais de 15 anos de experiência na área de gestão de pessoas.

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