
Começa a pegar fogo a pré-campanha eleitoral de 2026 no Estado. Se o plenário da Assembleia Legislativa (Aleam) reprovar as contas do governo estadual referentes a 2017, conforme relatório do deputado Wilker Barreto (Mobiliza), o gesto terá forte impacto político sobre os três ex-governadores daquele exercício: José Melo, David Almeida e Amazonino Mendes, este já falecido.
No caso de David, que governou interinamente entre maio e outubro, a decisão significará a desaprovação formal de sua gestão à frente do Executivo, criando um constrangimento político em meio à disputa por espaço eleitoral em 2026.
Embora a reprovação em si não implique perda automática de direitos políticos, o ato abre caminho para investigações em outras esferas, a depender do conteúdo final do parecer aprovado.
Risco de inelegibilidade

O ponto mais sensível, porém, está no desdobramento da reprovação das contas de Almeida. O parecer do relator Wilker recomenda que o caso seja enviado ao Ministério Público e ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM).
Se esses órgãos entenderem que houve ato doloso de improbidade administrativa ou irregularidade insanável, David Almeida poderá ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa e, assim, tornar-se inelegível por oito anos.
A palavra final caberá à Justiça Eleitoral, mas a reprovação das contas pela Aleam é o primeiro passo que pode deflagrar esse processo.
Leia o relatório completo de Wilker Barreto
Relatório individualiza, mas reprova todos
O parecer de Wilker Barreto veio com uma conclusão dura. No documento, Wilker analisou separadamente as gestões de José Melo, David Almeida e Amazonino Mendes, que se revezaram no comando do Estado naquele conturbado ano de crise política e fiscal.
Mesmo com a individualização das responsabilidades, o voto final foi pela reprovação integral das contas do exercício de 2017.
Segundo o parecer, José Melo teria extrapolado limites da Lei de Responsabilidade Fiscal e usado indevidamente recursos do Fundeb, enquanto David Almeida teria agravado falhas e desrespeitado decisão do Tribunal de Contas.
Quanto a Amazonino Mendes, embora tenha governado por apenas três meses, incorreu em impropriedades na gestão educacional e no controle interno.
Afundando o bom senso

A dragagem dos rios amazônicos pelo Governo Federal é o novo espetáculo cômico da engenharia nacional. Resolveram “restaurar a navegabilidade” justo quando o rio está transbordando, uma ousadia digna de prêmio Nobel da ironia líquida.
Dragam rios cheios como quem passa pano em chão molhado: o resultado é o mesmo, só que mais caro. O dinheiro público, um bom nadador, vai descendo correnteza abaixo, enquanto o bom senso encalha nas margens da lógica.
Aranha-marrom, a nova oposição

Nem a fauna amazônica está poupando os políticos. O prefeito de Boa Vista do Ramos, Jarlem CB (PSD), foi parar no hospital depois de ser picado por uma aranha venenosa,LEoxosceles, a famosa aranha-marrom.
Dizem que o bicho mordeu e o veneno fez efeito rápido, mas, felizmente, o prefeito está reagindo bem ao tratamento.
Em Boa Vista, o comentário é que a aranha só quis aplicar o que os eleitores chamam de “soro da realidade”. O fato é que, no Amazonas, até as aranhas já estão cobrando prestação de contas, e com picada eletrônica.
BR-319 dorme e Vila Amazônia acorda

Enquanto a eterna promessa da BR-319 continua atolada no lamaçal da inércia, Parintins resolveu pavimentar o futuro por conta própria.
A estrada que liga a Vila Amazônia a Juruti já é, na prática, o novo elo terrestre do estado com o país, e sem precisar de manchetes, decretos ou selfies ministeriais. Com R$ 110 milhões, o projeto está virando realidade e com asfalto de verdade, no embalo de recursos financeiros oriundos de emendas do senador Eduardo Braga (MDB).
Bolsonaro manda soltar a tropa

Preso, inelegível e incomunicável, mas ainda dando as cartas. O PL decidiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro deve escolher não só o candidato ao Palácio do Planalto em 2026, mas também o vice.
É a primeira vez na história que um líder político poderá governar a o partido de dentro da cela e com Wi-Fi espiritual. Enquanto o Centrão esperneia querendo um pedacinho da vaga, Valdemar Costa Neto repete: “Devemos isso a ele”.