
O projeto de estilismo de moda amazônica da marca MI Moda Indígena, de Manaus, participará da London Fashion Week pelo terceiro ano consecutivo. A turnê pela Europa, que acontecerá em setembro e outubro de 2025, incluirá desfiles na Áustria e na Itália, e será finalizada com um estande de exposição em Paris.
O projeto MI Moda Indígena realiza cursos de moda indígena voltados às comunidades e foi contemplado pelo edital 008 da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), por meio do Conselho Municipal de Cultura (Concultura) da Prefeitura de Manaus. Ele conta com o apadrinhamento do presidente do Concultura, o artista Tony Medeiros, além do apoio cultural da Pano Fort e da Livraria Lira. A participação do Coletivo da MI Moda Indígena na turnê europeia foi contemplada pelo edital Intercâmbio Cultural MinC do Ministério da Cultura do Brasil.
Além de Manaus, o curso será realizado nos municípios de Santarém (PA), em janeiro, no Conselho Indígena, que selecionará dois representantes de cada aldeia para participar, e em Coari (AM), em fevereiro, na sede do município, com representantes das comunidades beneficiadas.
O projeto MI Moda Indígena, ou “Mostra Intercultural de Moda Indígena”, transformou-se em uma marca criada em 2021 pelas estilistas e gestoras indígenas do povo Munduruku, Seanne Oliveira e Rebeca Ferreira. Elas apresentarão a nova coleção, intitulada “Experiência Amazônica: Clãs Indígenas”, juntamente com as estilistas Cacique Sandra Cunha, do povo Munduruku, e Elisângela Oliveira, do povo Apurinã, nessa nova turnê pela Europa.
Este ano, a trupe da moda amazônica levará à Europa um número reduzido de componentes, conta a estilista Seanne. “No ano passado, levamos seis modelos indígenas para as passarelas de Londres e de Paris por meio do edital Intercâmbio Cultural MinC. Já este ano, serão dois modelos indígenas e uma artista amazonense deficiente visual. Os outros modelos profissionais são europeus”, explica.
A diretora-executiva da MI, Rebeca Ferreira, que também participa como estilista, informa sobre a coleção 2025 que será apresentada nesta temporada. “Este ano, iremos abrir a temporada pocket (temporada menor), onde vamos apresentar vestuários com elementos amazônicos e a particularidade dos nossos clãs, das nossas etnias”, revela Rebeca sobre os vestuários das quatro estilistas: Seanne Oliveira, Rebeca Ferreira, Elisângela Oliveira e Sandra Cunha.
Em Londres, serão apresentados 12 looks (conjunto de roupa, acessórios e pinturas apresentado pelos modelos na passarela), na Áustria serão apresentados 20 looks, e na Itália, também 20 looks. No Museu do Louvre, serão apresentados quatro looks.
Agenda europeia 2025
A participação da MI Moda Indígena começará em setembro, durante a London Fashion Week, com a presença no evento “Future of Fashion da London Represents”, no dia 20/09, organizado por Samanta Bullock da Bullock Inclusion CIC.
A segunda participação ocorrerá durante o Festival da Cultura Brasileira (Brazil meets Gmünd) em Gmünd, na Áustria, a convite de Verônica Schell, nos dias 27 a 29 de setembro.
O projeto passará pela Itália, inicialmente na cidade de Veneza, a convite do Tucum Itália (organizado por Nair Pires) e do Consulado do Brasil em Veneza, no início de outubro. Haverá um desfile de moda exclusivo da marca MI Moda Indígena no Forte Park, dia 11 de outubro, na cidade de Revislate, na Itália, sendo organizado por Sandra de Jesus e Ivan Schiano da Associazione UBAI Italia.
A turnê será finalizada na cidade de Paris, no Museu do Louvre, em um estande preparado com obras de múltiplos artistas indígenas e com a participação de outro projeto, o Arte com Toque, com uma exposição de obras de artes que será realizada nos dias 17, 18 e 19 de outubro de 2025 no Art Shopping do Carrousel du Louvre.
Sobre o projeto MI
A MI Moda Indígena é um projeto de estilismo étnico e produção sustentável que se tornou uma marca, criada em novembro de 2021, pela professora e designer de moda Seanne Oliveira, nome artístico Seanny Artes. Ela criou o projeto “Mostra Intercultural de Moda Indígena” com o intuito de fomentar a economia criativa dos indígenas manauaras que vivem em contexto urbano na cidade de Manaus.
O Coletivo MI atualmente é formado por cinco etnias: Munduruku, Apurinã, Borari, Mura e Kulina. Esse coletivo se formou após a primeira edição do curso em 2022 e é composto por mulheres indígenas do Amazonas e do Pará, todas em processo de formação em design de moda.
Os alunos do curso de 2025 não fazem parte do coletivo. Eles são iniciantes nos processos de moda. “Iremos futuramente selecionar os melhores para compor o elenco principal da MI Moda Indígena”, afirma Rebeca.
A MI Moda Indígena começou com um Curso de Formação de Moda Indígena, mais tarde denominado Programa Trainer de Estilistas, em dezembro de 2021, na Comunidade Parque das Tribos, zona Oeste de Manaus, com a participação de 32 alunos indígenas de 15 etnias diferentes. O projeto também alcançou as aldeias e comunidades dos rios próximos Tarumã-Açú e Tarumã-Mirim, como a Aldeia Inhaã-Bé, Comunidade Watyamã e a Comunidade Estrela de Davi Kokama.
Em abril de 2022, através do edital Amazonas Cultura em Rede, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Amazonas (SEC), e com o patrocínio do Instituto C&A, foi realizada a “I Mostra Intercultural de Moda Indígena”, edição 2022, resultado do curso desenvolvido nas comunidades de Manaus.
A primeira edição teve como tema “Grafismos Indígenas: Tradição, Ancestralidade e Contemporaneidade”, que apresentou a multiculturalidade étnica dos povos originários da Amazônia através dos grafismos embutidos nos vestuários e nos corpos. Em julho de 2022, o projeto se consolidou como marca, com o nome MI Moda Indígena, dando continuidade e desenvolvimento ao projeto.
Em 2023, a MI Moda Indígena foi a primeira marca de moda indígena brasileira a participar de uma Fashion Week Internacional, através da revista britânica High Profile Magazine e da empresa Best of Brazil CIC, consolidando parcerias e desenvolvendo projetos com a comunidade britânica.
Em fevereiro de 2024, a MI Moda Indígena esteve presente na JCA London Fashion Academy, do designer e professor Jimmy Choo, em parceria com Rafael dos Santos, CEO da Best of Brazil CIC. Na ocasião, foi apresentado o workshop “Interculturalidade dos Corpos Amazônicos”, contemplado pelo edital Fomento às Artes da Lei Paulo Gustavo da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Amazonas.
De fevereiro a setembro de 2024, foi desenvolvido, juntamente com os estudantes da JCA London Fashion Academy, o projeto “A Evolução de Vestuário dos Povos Originários: História do povo Munduruku do Vale do Tapajós”, com Rafael dos Santos como diretor criativo, Seanne Oliveira como estilista e Rebeca Ferreira como pesquisadora. O projeto foi apoiado pela CVS Brent e patrocinado pela National Lottery por meio do projeto “We Wear Heritage Fashion Show” da National Lottery Heritage Fund. O projeto foi apresentado em setembro, durante a London Fashion Week.
Assessoria MI Moda Indígena: Cristóvão Nonato