População desenterra frangos descartados em lixão no Amazonas; veja o vídeo

Mesma situação ocorreu na Argentina em 2020

Moradores de Humaitá desenterram carga de frango apreendida pela vigilância sanitária do Amazonas - Foto: Reprodução/Twitter

Em mais uma triste cena da fome que assola o país, famílias desenterram, em meio ao lixo, frango impróprio para consumo que foi apreendido pela prefeitura de Humaitá, no interior do Amazonas.

Além de ossos e carcaças de animais, famílias famintas agora buscam também por frango estragado para se alimentar em meio à miséria que assola o país governado por Jair Bolsonaro (PL). Nesta quarta-feira (12), parte da população de Humaitá, cidade 590 km de Manaus (AM), entraram no lixão municipal para desenterrar frango impróprio para consumo que foi apreendido e descartado pela prefeitura.

A apreensão ocorreu na noite de segunda-feira (10). Segundo a Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (Adaf), fiscais flagraram um caminhão transportando 5 toneladas de frango sem refrigeração e sem nota fiscal, e o material apresentava “grave risco à saúde“.

Nislene Molina, coordenadora da Unidade Local de Sanidade Animal e Vegetal (Ulsav) de Humaitá, informou que carga havia saído de Rondônia e tinha como destino o município de Canutama, no Amazonas.

“Os fiscais da Barreira de Vigilância Agropecuária abordaram o caminhão-baú e constataram que o veículo transportava 5.080 quilos de frango sem refrigeração e sem nota fiscal. O material foi apreendido para posterior destruição, visto que o produto estava impróprio para consumo”, disse Nislene.

Frango apreendido antes de ser descartado em lixão – Foto: Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas
 A prefeitura de Humaitá, então, enterrou as 5 toneladas de frango no lixão municipal. Parte da população, ao saber da notícia, foi até o local em busca do alimento com pás para cavar e sacolas. Não havia nenhum fiscal da administração municipal no lixão para orientar as pessoas sobre o risco de consumir o frango.

Assista ao vídeo que mostra famílias buscando por frango estragado no lixão

Fome cresce no país

fome no Brasil já atinge 26% da população. Segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (24) pela “Folha de S. Paulo”, 37% daqueles que tem renda mensal de até dois salários mínimos afirmam que a quantidade de comida em casa não foi suficiente para alimentar suas famílias nos últimos meses.

Entre as pessoas que estão desempregadas, mas à procura de emprego, 45% dizem passar fome. Já entre os que desistiram de encontrar uma ocupação, o percentual é de 34%.

O patamar mais elevado de pessoas afetadas pela falta de comida é encontrado no Nordeste (35%). Nas demais regiões do país, varia de 21% a 25%.

O levantamento também mostra que 15% dos brasileiros deixaram de fazer alguma refeição nos últimos meses por não ter comida em casa. O número sobe para 23% entre as famílias com renda mensal de até dois salários mínimos. Nas demais faixas, varia de 3% a 6%.

Além disso, 17% e 15% são pardos e pretos, respectivamente, enquanto 11% são brancos. A percepção de que a população não tem o que comer também aumentou. 89% dos entrevistados afirmam que, no período de pandemia, cresceu o número de pessoas que passam fome no Brasil.

Na vizinha Argentina

Sem ter o que comer, moradores de Porto Iguaçu, na Argentina, cavam para pegar 1,2 mil caixas de frango descartadas por órgão sanitário, em 17 de novembro de 2020. Segundo a prefeitura da cidade argentina, carne contrabandeada apreendida foi descartada porque estava imprópria para consumo. Organizações protestaram por medidas assistenciais às famílias em vulnerabilidade social.

Famílias cavaram para pegar mais de mil caixas de frango que foram enterradas, em Porto Iguaçu — Foto: Movimento Ativo Social e Político Iguaçu/Divulgação

Por Ivan Longo/Revista Forum

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