
O governo da Colômbia afirmou nesta quinta-feira (13) que manterá a cooperação em inteligência com os Estados Unidos, sinalizando que a ordem anterior de suspendê-la, emitida pelo presidente Gustavo Petro, foi mal interpretada pela imprensa.
Na terça-feira, o presidente de esquerda Gustavo Petro, em conflito com a administração de Donald Trump, havia ordenado a suspensão da inteligência de segurança compartilhada com Washington. A medida foi uma resposta aos bombardeios americanos contra supostas “narcolanchas” (embarcações de narcotráfico) no Caribe e no Pacífico, que Petro chamou de “execuções extrajudiciais”.
A mensagem original de Petro no Twitter (X) foi clara: “É dada ordem a todos os níveis da inteligência da força pública para suspender o envio de comunicações e outros tratos com agências de segurança americanas”.
Contudo, após intensas críticas da oposição e de militares, que consideraram a suspensão “absurda” dada a situação do narcotráfico no país, o ministro do Interior, Armando Benedetti, se pronunciou nesta quinta-feira para esclarecer a situação.
“Houve uma má interpretação por parte da imprensa colombiana e de alguns funcionários do alto governo. O presidente Petro nunca disse que as agências de controle americanas FBI, DEA, HSI vão deixar de trabalhar na Colômbia em conjunto com nossas agências de inteligência”, escreveu Benedetti no X.
Fontes do governo e da Força Pública indicam que os frequentes anúncios de Petro nas redes sociais sobre temas de segurança não costumam ser consultados com a cúpula militar.
Relação deteriorada e acusações mútuas
As relações entre a Colômbia e os Estados Unidos se agravaram desde a chegada de Petro e Trump ao poder:
- Ações dos EUA: Washington retirou a Colômbia da lista de países aliados contra o tráfico de drogas, revogou o visto de Petro e de vários funcionários, e impôs sanções financeiras ao presidente e seus aliados.
- Acusações de Trump: O ex-presidente dos EUA acusa Petro de ser “líder do narcotráfico”, sem apresentar provas.
- Críticas de Petro: O líder colombiano denuncia que os bombardeios americanos resultaram em pelo menos 76 mortos e 20 embarcações afundadas, caracterizando-os como “execuções extrajudiciais”.
Consequências de um possível fim da colaboração
Especialistas alertam para o risco de um eventual fim da colaboração na área de segurança:
- Para a Colômbia: Seria uma “festa” para as máfias, conforme disse o ex-comandante da polícia Óscar Naranjo, potencialmente agravando o recorde de cultivos de narcóticos.
- Para os EUA: Poderia levar a um aumento do narcotráfico, afetando um dos principais países consumidores de drogas no mundo, segundo Douglas Farah, analista especializado em narcotráfico na América Latina.
A administração Trump mantém laços estreitos com a oposição de direita na Colômbia, que se prepara para disputar as eleições legislativas e presidenciais de 2026.











