A China Nonferrous Trade Co. Ltd. (CNT), subsidiária da estatal China Nonferrous Metal Mining Group Co., anunciou a aquisição de uma das mais ricas reservas minerais do Brasil, localizada no município de Presidente Figueiredo (a 117 quilômetros de Manaus), no Amazonas.
A negociação, fechada nesta terça-feira, 26 de novembro, inclui a exploração de urânio, terras raras e nióbio, posicionando o gigante asiático ainda mais como protagonista global no setor de recursos estratégicos.
O nióbio, em particular, é um mineral de extrema relevância industrial, usado em ligas super-resistentes para turbinas de motores a jato, mísseis, satélites espaciais e outras tecnologias de ponta.
Cerca de 98% das reservas mundiais conhecidas de nióbio estão no Brasil, com destaque para o estado do Amazonas, que abriga depósitos de alta pureza na mina de Pitinga, em Presidente Figueiredo, a aproximadamente 107 km de Manaus.
Venda estratégica
A Mineração Taboca, empresa responsável pela exploração da mina desde 1969, confirmou que todas as suas ações foram transferidas para os chineses, em uma operação mediada pela Minsur S.A., sua controladora peruana.
No comunicado oficial, a Taboca destacou que a transação abre novas oportunidades de crescimento para a empresa e seus projetos na região.
Além do nióbio, a reserva inclui urânio, terras raras, tântalo, estanho e tório, minerais considerados críticos para diversas indústrias estratégicas. O urânio, por exemplo, é utilizado como combustível em usinas nucleares e na fabricação de armamentos. Já as terras raras são fundamentais para turbinas e baterias de alta performance.
Interesse nas riquezas brasileiras
A negociação reflete o crescente interesse da China em consolidar o controle sobre recursos minerais de importância estratégica.
Esse movimento, que tem gerado debates sobre a soberania nacional, torna-se ainda mais relevante no contexto de pouca fiscalização e ausência de estudos aprofundados pelo governo brasileiro sobre o potencial total dessas reservas.
Especialistas alertam que o nióbio, uma das maiores riquezas minerais do Brasil, pode estar sendo subvalorizado. Apesar de sua importância estratégica, a dependência da exploração e exportação primária pode limitar os benefícios econômicos e tecnológicos para o país.
A mina de Pitinga é apenas um exemplo do potencial mineral do Amazonas, região que, embora rica em recursos, enfrenta desafios como a falta de políticas públicas que favoreçam a verticalização da produção, agregando valor aos minerais extraídos.
Com a venda concretizada, a presença chinesa no setor mineral amazônico torna-se ainda mais expressiva, reforçando a necessidade de o Brasil reavaliar suas estratégias de exploração e defesa de suas riquezas naturais.