
Considerada um desafio global que afeta aproximadamente um em cada três adultos no Brasil, a obesidade também cresce entre crianças e jovens. Para reforçar a prevenção e o combate ao sobrepeso na infância, a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), orienta pais e famílias a adotarem hábitos saudáveis e buscarem acompanhamento nas unidades de saúde.
A nutricionista Dandara Bezerra, chefe do Núcleo de Alimentação e Nutrição da Semsa, aponta que o cuidado com a alimentação é a principal estratégia. Ela orienta evitar alimentos ultraprocessados e ricos em gorduras, carboidratos e sódio, e dar preferência a alimentos in natura, como frutas e verduras.
“Outro ponto é estimular a prática de atividades físicas, como natação ou futebol, por exemplo, ou ainda restringindo o tempo da criança em frente a telas, para ela brincar mais, seja no quintal ou com os amiguinhos na escola”, sugere a gestora.
Dandara acrescenta que a rede de Atenção Primária à Saúde (APS) conta com nutricionistas e pediatras qualificados para atender a população infantil, oferecendo desde o diagnóstico nutricional até a elaboração de um plano alimentar para a redução de peso.
Consequências para a saúde
Crianças com obesidade ou sobrepeso podem apresentar problemas como cansaço, falta de ar e distúrbios do sono, além de dor nas articulações, especialmente nos joelhos. Segundo Dandara, em alguns casos, elas já têm níveis elevados de colesterol, aumentando o risco de desenvolver doenças como hipertensão, enfermidades cardiovasculares e diabetes.
A nutricionista ressalta que o acúmulo excessivo de gordura na infância pode causar alterações no metabolismo e antecipar problemas de saúde na vida adulta. “Além do desgaste precoce nas articulações, o colesterol alto aumenta as chances de essa pessoa desenvolver placas de gordura nas veias, alterações na pressão arterial e o risco de AVC”, enfatiza.
Cenário preocupante em Manaus
Dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), do Ministério da Saúde, mostram que 5,24% das crianças de 2 a 5 anos incompletos atendidas na rede municipal de Manaus já têm peso elevado para a idade.
Para Dandara, esse dado revela um cenário de transição nutricional. “Estamos deixando de ter crianças em desnutrição, mas, em vez de se manterem no peso adequado, elas já apresentam um peso elevado para a idade”, explica.
Ela também destaca que a obesidade e o sobrepeso têm diversos fatores de risco, que vão desde o controle do peso e da glicemia da mãe durante a gestação até a introdução alimentar adequada. O aleitamento materno exclusivo até os seis meses também é um fator protetor, reduzindo em 25% o risco de a criança desenvolver obesidade.
O que é a obesidade?
A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. A condição causa prejuízos à saúde e é um fator de risco para doenças como diabetes tipo 2, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares.
O diagnóstico se baseia no cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), que relaciona o peso e a altura, indicando sobrepeso (IMC de 25 a 29,9 kg/m²) ou obesidade (IMC a partir de 30 kg/m²), além da avaliação do percentual de gordura.
A prevenção e o tratamento incluem a adoção de hábitos de vida saudáveis, como uma alimentação equilibrada e a prática regular de atividades físicas.
Por Jony Clay Borges / Semsa