O narconegócio é o maior inimigo político do Brasil

Desafio do eleitorado em 2022 é escolher seus representantes políticos com melhor qualidade; além de votar com inteligência, fundamental é identificar quem não faça parte do cartel/cartório do crime

Por Jorge Serrão (*)

Quando será que os políticos brasileiros vão parar de agir com a combinação de canalhice com irresponsabilidade? Muitos já não querem saber de formular e aprovar leis que façam o Brasil superar a crise pós-covichina. A maioria só pensa naquela desgraça chamada reeleição. O objetivo-fim da atividade parlamentar não pode ser a manutenção e perpetuação dela mesma. Eis um problema tão difícil de resolver no país quanto a influência que o narconegócio exerce sobre a política – financiando eleições, nas campanhas, na compra de votos e na prática direta ou indireta da corrupção sistêmica.

Escolher os representantes mais qualificados é um desafio – quase uma utopia – do eleitor brasileiro. Atrapalha demais a impossibilidade de escolha dos políticos sem depender dos partidos – que são cartórios que formam uma espécie de cartel eleitoreiro. A possibilidade de candidaturas independentes mudaria o cenário político brasileiro. Acontece que o establishment eleitoral não aceita essa mudança fundamental no sistema de escolha. Trata-se de um dogma tão indesejável quanto a recontagem física (impressa) do voto eletrônico na própria sessão eleitoral – proposta que o regime do Trâmite Sigiloso Eleitoral impediu que fosse aprovada no Congresso Nacional.

Novamente, vamos para uma eleição com grande risco de eleger políticos inadequados ou desonestos. O ponto positivo é que na eleição 2022 deve se repetir a tendência de reprovação do eleitorado à corrupção. Isso mantém viva a chance de que possam ser escolhidos políticos melhores – ou menos ruins que os atuais. A renovação política, que é uma necessidade, também é uma possibilidade concreta. Precisamos vencer o desafio de votar melhor em 2022. Mas é bom ter clareza de que a cleptocracia deseja e fará de tudo para acontecer o contrário: novas vitórias do crime institucionalizado. O jogo é brutíssimo.

O Brasil tem de focar em combater, neutralizar e superar a cleptocracia. A governança do crime institucionalizado é o problema essencial do país. A maioria da sociedade precisa compreender a dimensão malévola do narconegócio – que atenta contra a liberdade fundamental, na medida em que escraviza o indivíduo pelo vício, subjuga através da violência e do medo, além de corromper pelas ramificações que patrocina na escolha dos representantes políticos e na infiltração direta de seus tentáculos na máquina estatal (formando o famoso mecanismo). As facções nem sempre visíveis do narconegócio exercem o tal “poder moderador”. Isso é inaceitável, intolerável, ilegal e ilegítimo. Temos de agir e reagir para impedir.

(*) é jornalista, professor e flamenguista. É editor-chefe do blog Alerta Total e comentarista do programa 3 em 1 da Jovem Pan

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