O massacre de Pazuello

Por Rodrigo Constantino*

Escrevo essas linhas enquanto o depoimento do ex-ministro Pazuello ainda acontecesse na CPI, mas o que vi até agora – e não foi pouco – já é suficiente para tecer uma análise.

O título foi proposital, pois deixa margem a interpretações distintas: foi o depoente que acabou massacrado ou foi ele quem massacrou? Não tenho dúvidas de que os detratores do governo Bolsonaro, em busca desesperada por narrativas, querem crer na primeira alternativa.

Lamento decepcioná-los, mas é a segunda.

Acredito que qualquer pessoa sincera ficou surpresa com a postura firme e as respostas abrangentes do general.

Logo de cara, aliás, uma das narrativas foi por água abaixo: a de que ele tinha ido à Justiça por covardia.

Ele não só respondeu todas as perguntas, como as respostas eram tão completas que o relator, irritado, tentava cortá-lo, para direcioná-lo ao discurso que deseja impor, uma vez que já fez seu prejulgamento e condena o governo por omissão.

Até mesmo opositores de Bolsonaro tiveram de aceitar que os inquisidores estavam se enrolando. Um caso cômico foi o de uma jornalista próxima de Doria que condenou o mal assessoramento de Renan Calheiros para a formulação das perguntas, que seriam repetitivas, minutos depois de concluir com esperança que se tratava de uma estratégia para deixar o depoente à vontade e ele se enrolar. Enrolado ficou o relator, porém.

Em alguns momentos, parecia que um caminhão o tinha atropelado sem permitir que ele anotasse a placa.

Quando Pazuello disse que o senador deveria saber que um ministro não se encontra diretamente com representantes de empresas para negociações, parecia que Renan tinha levado um soco do Mike Tyson, um direto de direita.

Fora isso, Pazuello mostrou que havia, sim, inúmeras tratativas com a Pfizer que vinham de longa data. Isso derruba a principal “tese” da CPI.

Mas a turma não quer saber da verdade.

Qualquer um que já participou de negociações sabe que até chegar à assinatura de um Memorando de Entendimento (MOU, em inglês) leva-se um bom tempo. Imagine para tratar de saúde, de uma vacina com tecnologia inovadora, com exigências bem peculiares de logística e armazenamento, e com cláusulas draconianas impostas pela empresa!

Diante da dificuldade de demonizar uma gestão que expôs seu ritmo intenso de trabalho, restou atacar a “arrogância” do general.

Se é arrogância falar firme diante de vagabundos que bancam os bastiões da ética, focar na verdade, não aderir ao politicamente correto e não se deixar intimidar por patrulha de qualquer patota, então é virtude, não defeito.

Renan pode apelar aos “internautas” o quanto quiser: todos fora da bolha da imprensa já perceberam que ele comanda um circo com o único intuito de atacar o presidente e agradar o regime ditatorial chinês.

Foi um massacre!

* Colunista e escritor

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