
A organização internacional Portas Abertas publicou um comunicado na última segunda-feira, 3, alertando para a grave situação da perseguição religiosa na Nigéria. O país concentra cerca de 70% dos casos de cristãos mortos por causa da fé registrados no último ano, e a entidade afirma que “a perseguição é real e está se espalhando” na nação africana.
Dados da perseguição
O levantamento mais recente da Portas Abertas destaca a liderança da Nigéria nos índices globais de violência religiosa:
- Mortes: Dos 4,4 mil cristãos mortos no mundo por causa da fé no último ano, 3,1 mil eram nigerianos.
- Sequestros: O país também lidera os sequestros de cristãos, com 2,8 mil dos 3,7 mil casos registrados globalmente.
A entidade acompanha diariamente a situação e ressalta que “em toda a região do Cinturão Médio e no Norte da Nigéria, os cristãos enfrentam uma campanha de violência tão contínua e direcionada que comunidades inteiras estão desaparecendo”.
A Portas Abertas também enfatizou a desproporção entre as vítimas:
De acordo com seus dados, “a razão simples entre cristãos e muçulmanos mortos foi de 2,7 cristãos para cada muçulmano”. Quando ajustado para o tamanho das populações, “um cristão tinha 6,5 vezes mais chance de ser morto do que um muçulmano” entre 2019 e 2023.
Reação de Donald Trump
A mobilização internacional em torno da crise se intensificou após declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em vídeo publicado nas redes sociais nesta quarta-feira, 5, ele alertou que “o cristianismo enfrenta uma ameaça existencial na Nigéria” e que “milhares e milhares de cristãos estão sendo mortos”.
Trump anunciou a inclusão da Nigéria na lista de Países de Preocupação Particular e afirmou que “os EUA não podem ficar de braços cruzados enquanto tais atrocidades acontecem”. O presidente norte-americano ainda declarou estar disposto a adotar medidas mais duras:
“Faremos coisas que a Nigéria não aprovará e poderemos muito bem invadir esse país, agora desonrado, com armas em punho, para exterminar completamente os terroristas islâmicos que estão cometendo essas atrocidades horríveis”, escreveu Trump.
Posição do governo nigeriano
A decisão de reclassificar a Nigéria provocou reação do governo local, que nega a existência de perseguição religiosa e classifica as mortes como “conflitos étnicos e por recursos”.
Desde 2020, os ataques no país já deixaram mais de 20 mil mortos, segundo dados da Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (Acled). Boa parte dos confrontos ocorre entre pastores muçulmanos e agricultores cristãos na região central e no norte, onde se concentram os piores índices de violência extremista.











