
Nesta quarta-feira (10/09), Israel advertiu seus adversários de que não estão seguros em lugar algum. O aviso veio um dia após uma operação militar contra líderes do Hamas no Catar, que provocou uma rara crítica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“O longo braço de Israel atuará contra seus inimigos em qualquer lugar”, prometeu o ministro da Defesa, Israel Katz, em uma publicação na rede social X. “Não há nenhum lugar onde possam se esconder. Todos que participaram do massacre de 7 de outubro serão considerados plenamente responsáveis”, acrescentou, em referência ao ataque do Hamas que deu início à guerra em Gaza.
As declarações de Katz foram dadas após o embaixador de Israel na ONU defender a ação de seu país contra os dirigentes do Hamas no Catar, um país que mantém relações estreitas com os Estados Unidos.
Ataque em solo qatari provoca reação de Trump
A Casa Branca expressou o descontentamento do presidente americano. Em sua plataforma Truth Social, Trump destacou que a decisão foi tomada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e não por ele. Em uma entrevista a uma rádio israelense, o embaixador Danny Danon justificou a ação militar: “Nem sempre agimos no interesse dos Estados Unidos. Nós estamos em coordenação, eles nos dão um apoio incrível, nós apreciamos isso, mas às vezes tomamos decisões e informamos aos Estados Unidos”.
Além de ser um aliado importante de Washington, o Catar atua como mediador no conflito e abriga, desde 2012, a sede do gabinete político do Hamas. “Não foi um ataque ao Catar, foi um ataque ao Hamas. Não estamos contra o Catar, nem contra nenhum país árabe. Atualmente, enfrentamos uma organização terrorista”, explicou Danon.
O Hamas afirmou que seis pessoas morreram no ataque, incluindo o filho de um de seus principais negociadores, Khalil al-Hayya, mas destacou que os dirigentes de alto escalão sobreviveram. O Catar relatou a morte de um de seus agentes de segurança e explicou que o ataque atingiu as casas de vários membros do gabinete político do Hamas. O primeiro-ministro catari, xeque Mohamed bin Abdulrahman al Thani, afirmou que o país continuará atuando como mediador, mas alertou que se reserva “o direito de responder”.
Netanyahu assume responsabilidade por ataque
Desde o início da guerra em Gaza, Israel já atacou Irã, Síria, Líbano e Iêmen, mas, até então, não havia agido no Catar. O primeiro-ministro Netanyahu explicou que ordenou os ataques após um atentado reivindicado pelo Hamas, em Jerusalém Oriental, que matou seis pessoas.
“Simplesmente, não estou muito contente com toda a situação”, disse Donald Trump, ao ser questionado por jornalistas. Em sua rede social, o republicano elogiou o Catar como “um forte aliado e amigo dos Estados Unidos”. Ele acrescentou: “Eu me sinto muito mal pela localização do ataque”.
Diante das críticas de vários países e da ONU, o gabinete de Netanyahu enfatizou que a operação foi “totalmente independente”. “Israel iniciou, Israel realizou e Israel assume toda a responsabilidade”, indicou.
A ação coincide com uma ofensiva militar israelense para tomar o controle da Cidade de Gaza, a mais populosa do território palestino. O conflito, que começou em 7 de outubro de 2023, já resultou na morte de 1.219 israelenses e, pelo menos, 64.656 palestinos.