
O político Alfredo Díaz, ex-governador de Nueva Esparta e ex-prefeito de Porlamar, na Venezuela, morreu aos 56 anos após passar um ano detido no centro de custódia de El Helicoide, em Caracas. A morte provocou forte reação da oposição e de organismos internacionais, que pedem uma investigação transparente sobre as circunstâncias do falecimento e a situação dos presos políticos no país.
Detenção e causa da morte
Díaz, filiado ao partido Acción Democrática, foi preso em novembro de 2024, quatro meses após as eleições presidenciais, quando tentava deixar o país.
- Acusações: O partido Acción Democrática informou que o político permaneceu detido de forma injusta e que não recebeu a atenção médica necessária durante o período de custódia.
- Comunicação: Familiares relataram que Díaz ficou praticamente incomunicável, sendo autorizada apenas uma visita de sua filha durante todo o período.
- Informação oficial: Alfredo Romero, diretor-presidente da ONG Foro Penal, declarou que a informação oficial repassada à família é de que Díaz sofreu um infarto.
- Contexto: A detenção de Díaz faz parte de uma onda de prisões promovida pelo governo de Nicolás Maduro (PSUV) após a disputa eleitoral.
Reações e o contexto dos presos políticos
A morte de Alfredo Díaz é a 10ª de preso político desde o pleito de 2024, segundo organizações de direitos humanos, e a 17ª sob custódia desde 2014, conforme registros do Foro Penal.
- Oposição: María Corina Machado e Edmundo González Urrutia, líderes da oposição, emitiram um comunicado conjunto afirmando que a morte de Díaz “não pode ser tratada como evento isolado”. Eles ressaltaram que “o Estado e quem exerce a custódia são responsáveis pela vida e saúde da pessoa detida” e prometeram documentar cada omissão.
- Estados Unidos: O Departamento de Assuntos do Hemisfério Ocidental do governo americano classificou a morte do opositor, “detido de forma arbitrária no centro de tortura de El Helicoide”, como “mais um lembrete da natureza vil do regime criminoso de Maduro”. O governo venezuelano, por sua vez, nega envolvimento em atividades criminosas e acusa os EUA de tentarem uma mudança de regime para controlar suas reservas de petróleo.
- Demandas: O partido Acción Democrática e organizações independentes pedem uma investigação independente e transparente, além de atenção médica integral para todos os presos políticos na Venezuela.
Carreira política
Nascido na Ilha de Margarita, Alfredo Díaz foi uma figura popular na oposição regional:
- Prefeito de Porlamar: Eleito em 2008 e reeleito em 2013.
- Governador de Nueva Esparta: Eleito em 2017.
- Posicionamento: Apesar de um perfil moderado que o levou a jurar perante a Assembleia Nacional Constituinte em 2017 — condição imposta pelo chavismo para a posse de governadores — ele voltou à linha de confronto político na campanha de 2024 ao contestar os resultados eleitorais.
Segundo o Foro Penal, a Venezuela tem atualmente 884 presos políticos, o maior número na América Latina.











