
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu um prazo de cinco dias à Polícia Federal (PF) para que a corporação esclareça uma aparente inconsistência em sua investigação que apura a “trama do golpe” de Estado. A divergência central reside na informação de que o ex-assessor de Jair Bolsonaro, Filipe Martins, teria deixado o Brasil.
O ponto de controvérsia: viagem aos EUA
A PF afirma, com base em dados do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, que Filipe Martins teria entrado no país em 30 de dezembro de 2022, viajando na aeronave oficial junto à comitiva presidencial.
No entanto, essa versão é contestada por uma autoridade norte-americana. O Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) negou o registro de entrada de Martins na data informada, sugerindo que o dado apresentado pela investigação brasileira pode ser incorreto. A cobrança de Moraes à PF visa sanar essa contradição essencial para o caso.
Encontrado no Brasil e suspeita de fuga
A controvérsia sobre a localização de Martins já havia ocorrido anteriormente:
- Fevereiro de 2024: Os pais de Martins chegaram a afirmar publicamente que o filho estava morando no exterior.
- Contrariando a Versão: No mesmo dia, a PF localizou Filipe Martins em Ponta Grossa (PR), no apartamento de sua noiva.
- Justificativa: À polícia, o ex-assessor afirmou estar em “ano sabático”, vivendo temporariamente em imóveis alugados em São Paulo e Balneário Camboriú (SC).
A investigação da PF também notou que Martins foi encontrado próximo à fronteira com a Argentina e o Paraguai, o que poderia facilitar uma eventual fuga. Até o momento, nenhum de seus passaportes foi localizado. Apesar disso, a defesa de Filipe Martins mantém a posição de que ele não saiu do Brasil em dezembro de 2022.
Situação do processo e impasses jurídicos
Filipe Martins é um dos réus da ação penal que apura a tentativa de golpe, que também inclui outros nomes do antigo governo, como Fernando de Sousa Oliveira, Marcelo Costa Câmara, Marília Alencar, Mário Fernandes e Silvinei Vasques.
O processo já está na fase final, com o Ministério Público Federal e os advogados dos réus tendo entregue suas manifestações. A 1ª Turma do STF aguarda a definição de uma data para o julgamento presencial do caso.
Outro Impasse da Defesa: Martins se envolveu em um impasse jurídico recente quando Moraes destituiu seus advogados por atraso nas alegações finais, nomeando a Defensoria Pública da União. O ex-assessor recorreu, alegando violação de direitos, e Moraes reconsiderou a decisão, restabelecendo a defesa original.
Fonte: https://revistaoeste.com/politica/pf-tem-5-dias-para-explicar-suposta-viagem-de-martins-aos-eua/