Mistério amazônico que ainda hoje desafia ciência e governos

Foto: Reprodução

Por Juscelino Taketomi

Tudo aconteceu em 1977, na região Norte do Brasil, quando um fenômeno inexplicável colocou o país no centro do debate ufológico mundial. A Operação Prato, conduzida pela Força Aérea Brasileira (FAB), foi uma missão secreta criada para investigar relatos aterrorizantes de luzes desconhecidas que atacavam moradores da região de Colares, no Estado do Pará.

Os objetos, apelidados de “chupa-chupa”, emitiam feixes de luz que causavam queimaduras, paralisia temporária e até perda de sangue, deixando marcas cirúrgicas nas vítimas. O caso, que permanece até hoje sem explicação definitiva, é um dos mais documentados e controversos da ufologia mundial.

Sob o comando do capitão Uyrangê Hollanda, a operação reuniu militares, equipamentos de vigilância e câmeras para registrar os fenômenos. Entre setembro e dezembro de 1977, a equipe testemunhou objetos metálicos realizando manobras impossíveis para qualquer tecnologia conhecida, pairando sobre rios e florestas e interagindo de forma inteligente com humanos.

Hollanda, inicialmente cético, tornou-se um dos maiores defensores da veracidade dos eventos após presenciar os objetos de perto.

Capitão Uyrangê Hollanda | Foto: Acervo Carlos Mendes

Em 1997, já reformado, o coronel concedeu uma entrevista bombástica à Revista UFO, confirmando a autenticidade dos registros e denunciando um acobertamento oficial. Poucos meses depois, foi encontrado morto em circunstâncias suspeitas, levantando sérias dúvidas sobre possíveis retaliações por ter rompido o silêncio.

Silêncio imposto pela ditadura

É importante lembrar que tudo isso ocorreu em plena ditadura militar, um período em que o país vivia sob forte censura e vigilância. O regime, iniciado em 1964 e que durou vinte anos, controlava rigidamente a informação e reprimia qualquer questionamento, criando um ambiente de medo e desconfiança durante as ações da Operação.

Investigações jornalísticas independentes eram quase impossíveis, e as vozes dissonantes enfrentavam pressões e ameaças.

Foi nesse cenário sombrio que o jornalista Carlos Mendes tentou romper o bloqueio de informações e revelar o que realmente se passava na Amazônia.

Na linha de frente

Reportagem de ‘O Estado do Pará’; operação produziu acervo de milhares de documentos, fotos e vídeos | Foto: Acervo Carlos Mendes

Repórter do jornal Estado do Pará em 1977, Mendes esteve na linha de frente da cobertura da Operação Prato. Seus relatos, reunidos no livro Luzes do Medo, tornaram-se referência para compreender a dimensão do caso.

Ele não só documentou os ataques às populações de Colares e de outras cidades paraenses, como também teve acesso a informações internas sobre as investigações militares.

As revelações mais impactantes de Mendes envolvem os agravos às vítimas: descrições detalhadas de ferimentos inexplicáveis — marcas de sucção de sangue e queimaduras precisas —, muitas vezes corroboradas por prontuários médicos.

Segundo o jornalista, mais de 500 fotos e 15 horas de filmagens dos objetos desapareceram dos arquivos oficiais, possivelmente enviadas aos Estados Unidos.

Mendes aponta que agentes da CIA e da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) estiveram envolvidos, pressionando pelo encerramento da operação e confiscando evidências em troca de acordos militares secretos.

Questionando o papel dos EUA

Jornalista Carlos Mendes | Foto: Acervo Carlos Mendes

Carlos Mendes levanta uma questão crucial: Por que os Estados Unidos teriam interesse em suprimir as evidências da Operação Prato?

Suas reportagens sugerem que o governo americano não só acompanhou o caso de perto, como também removeu provas contundentes de tecnologia não humana.

A ausência das filmagens originais e a morte suspeita de Hollanda alimentam teorias sobre um acobertamento internacional, amparado por um contexto político em que o Brasil estava alinhado ferreamente aos interesses de Washington.

Por que os EUA nunca comentaram oficialmente sobre o caso? O que as filmagens desaparecidas revelariam sobre a natureza dos objetos?

Haveria uma cooperação secreta entre governos para ocultar a verdade?

São perguntas que continuam no ar, como ecos de uma época em que o silêncio era imposto e a verdade, reprimida.

Mistério que permanece

A Operação Prato jamais poderá ser um mero capítulo da ufologia mundial. Com o passar do tempo, ela virou também um símbolo da luta pela transparência em tempos de censura. E um a censura que transcendeu os tempos ditatoriais.

Enquanto o Brasil liberou parte dos documentos décadas depois, os Estados Unidos permanecem em silêncio absoluto.

Nos dias que correm, o trabalho de jornalistas como Carlos Mendes é mais do que essencial, é um ato de resistência maior, desafiando versões oficiais e buscando  iluminar os bastidores de um dos maiores enigmas da Amazônia.

Quase 50 anos depois, tudo permanece aberto em relação a Operação Prato. A sua verdade ainda aguarda ser plenamente revelada.

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