Ministério da Saúde orienta cuidados a gestantes contra a varíola dos macacos

Recomendações incluem exames periódicos de acordo com o momento da infecção e o período gestacional, além de medidas de prevenção

Foto: Getty Images

varíola dos macacos pode oferecer um risco maior de sintomas graves para recém-nascidos, crianças e pessoas com deficiências imunológicas. No entanto, os dados sobre a infecção durante gravidez são limitados.

Não se sabe, por exemplo, se as gestantes são mais suscetíveis ao vírus ou se a infecção é mais grave na gravidez. O vírus Monkeypox pode ser transmitido ao feto durante a gravidez ou ao recém-nascido por contato próximo durante e após o nascimento.

“A OMS recomenda que os países tomem medidas para reduzir o risco de transmissão a outros grupos vulneráveis, incluindo crianças, gestantes e aqueles que são imunossuprimidos”, afirmou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, à imprensa.

Embora sejam necessárias mais pesquisas para explicar melhor os riscos da varíola durante a gravidez, o Ministério da Saúde publicou uma nota técnica com orientações específicas sobre a infecção por gestantes.

“Assim como em outras infecções virais, pode aumentar o risco de abortamento, óbito fetal, prematuridade e outras alterações ligadas ao acometimento fetal. No entanto, ainda não há como quantificar esses riscos. Ainda assim, cuidados redobrados com a gestante e o feto são recomendados diante da suspeita ou confirmação da infecção, até que dados mais robustos estejam disponíveis”, afirma o documento.

Como deve ser feito o acompanhamento durante a gestação

De acordo com o Ministério da Saúde, o acompanhamento deve ser realizado de acordo com o momento da infecção e o período gestacional.

No primeiro trimestre, a pasta recomenda a avaliação por ultrassonografia para análise da viabilidade da gestação. Nos casos moderados, graves e críticos no segundo trimestre, o exame deve ser realizado com detalhe de biometria, avaliação anatômica e quantificação do líquido amniótico.

No terceiro trimestre, o bem-estar do feto pode ser avaliado a partir de um exame chamado dopplerfluxometria, que permite analisar a circulação sanguínea da mãe, da placenta e do bebê.

Após a 26ª semana, ainda é recomendada a cardiotocografia, que permite observar aspectos do batimento cardíaco do feto, nos casos moderados, graves e críticos.

De acordo com o ministério, o risco para o feto é baixo após a resolução da infecção. No entanto, é recomendada a realização de ultrassonografia a cada quatro semanas para avaliação de crescimento e do bem-estar. Para casos específicos, diante da evidência de aumento do fígado (hepatomegalia) ou de acúmulo anormal de líquidos (hidropisia fetal), pode ser necessária avaliação à parte.

O ministério não recomenda a realização de análise do líquido amniótico de maneira ampla, uma vez que a sensibilidade para detecção molecular do vírus no líquido é desconhecida.

“Pela analogia com outras infecções virais, supõe-se que o vírus possa ser encontrado no líquido amniótico a partir de 18 a 21 semanas de gestação. A indicação de amniocentese, até o momento, não é rotineira, ficando reservada a casos específicos ou cenários de pesquisa clínica”, diz a nota técnica.

Medidas de prevenção

A nota técnica do Ministério da Saúde também recomenda medidas de prevenção, considerando o rápido aumento do número de casos no Brasil e no mundo, associado à transmissão por contato direto e, eventualmente, por via aérea.

As orientações incluem manter o uso de máscaras, principalmente em ambientes com indivíduos potencialmente contaminados com o vírus, e o distanciamento de pessoas que apresentem sintomas suspeitos como febre e lesões de pele.

As gestantes devem usar preservativo em todos os tipos de relações sexuais (oral, vaginal, anal) uma vez que a transmissão pelo contato íntimo tem sido a mais frequente, segundo o ministério.

O documento recomenda ainda a atenção a lesões na área genital dos parceiros sexuais e a busca por atendimento médico diante de sintomas suspeitos.

Os sinais e sintomas da doença podem durar entre duas e quatro semanas. A doença começa, na maior parte dos casos, com uma febre súbita, forte e intensa. O paciente também tem dor de cabeça, náusea, exaustão, cansaço e fundamentalmente o aparecimento de gânglios (inchaços popularmente conhecidos como “ínguas”), que podem acontecer tanto na região do pescoço, na região axilar, como na região genital.

A manifestação na pele acontece na forma de bolhas ou lesões que podem aparecer em diversas partes do corpo, como rosto, mãos, pés, olhos, boca ou genitais.

Lesões na pele semelhantes a espinhas, que evoluem para bolhas são um dos principais sintomas da doença / Kateryna Kon/Science Photo Library/Getty Images

Amamentação

Considerando o conhecimento de que o vírus pode ser transmitido ao recém-nascido por contato próximo durante ou após o parto que a doença pode ter evolução grave nessa faixa etária, o ministério recomenda evitar o contato pele a pele entre a mãe e o recém-nascido, fazer exame macroscópico da criança imediatamente após o nascimento e coleta de amostras de garganta e de eventuais lesões cutâneas do bebê.

As mulheres devem ser informadas sobre os riscos da infecção e da necessidade de manter mãe e filho em quartos separados durante a fase de isolamento materno.

Diante da impossibilidade de manter o isolamento em quartos separados, o ministério recomenda que a criança seja totalmente vestida ou envolta por um cobertor – após o contato, a roupa ou cobertor deve ser imediatamente substituídos. A mãe deve usar luvas e avental, deixando coberta toda área de pele abaixo do pescoço, além de usar uma máscara cirúrgica bem ajustada à face.

A OMS recomenda que os riscos de transmissão durante a amamentação sejam avaliados caso a caso pela equipe médica. “Se for possível que você continue amamentando e tenha contato próximo, eles irão aconselhá-la sobre como reduzir o risco tomando medidas como cobrir suas lesões e usar uma máscara para reduzir o risco de transmissão do vírus”, afirma a OMS.

Segundo a OMS, ainda não se sabe se o vírus da varíola dos macacos pode ser transmitido através do leite materno, uma área que precisa de mais estudos.

Por Lucas Rocha e Fernando Alves, da CNN em São Paulo e em Brasília

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