
O presidente da França, Emmanuel Macron, voltou a endurecer o tom contra a ratificação do tratado comercial entre a União Europeia e o Mercosul. Durante pronunciamento em Bruxelas, o líder francês deixou claro que o país não dará o aval final ao projeto sem que sejam incluídas salvaguardas rigorosas para proteger o setor agrícola europeu.
Macron afirmou que, na visão do governo francês, as contas não fecham no atual modelo de negociação. O presidente destacou que a posição da França tem sido transparente desde o início e que o acordo não pode ser assinado enquanto persistirem dúvidas sobre a paridade de padrões de produção e concorrência leal para os produtores locais.
O impasse com os produtores franceses e a soberania alimentar
A resistência de Macron reflete a forte pressão interna enfrentada pelo Eliseu. Agricultores franceses têm protagonizado protestos em massa ao longo de 2025, alegando que o pacto permitiria a entrada de produtos sul-americanos que não seguem as mesmas exigências ambientais e sanitárias impostas na Europa. Para o setor, o tratado representa uma ameaça direta à viabilidade econômica das propriedades rurais na França.
O governo francês defende a aplicação das chamadas cláusulas espelho. Essas medidas obrigariam os países do Mercosul a adotar práticas produtivas idênticas às europeias, especialmente no uso de defensivos agrícolas e no combate ao desmatamento, garantindo que a competição não seja desproporcional.
Cenário de incertezas para o comércio internacional
A postura da França isola o país de outros membros do bloco europeu, como a Alemanha e a Espanha, que buscam acelerar a conclusão do acordo para abrir novos mercados em meio a um cenário de instabilidade geopolítica. Entretanto, Macron sinalizou que fará oposição a qualquer tentativa de forçar a adoção do texto sem o consenso absoluto entre as nações da União Europeia.
Com as negociações em um ponto de estagnação, o futuro do maior bloco comercial do mundo depende agora de novos ajustes técnicos que possam satisfazer as exigências de sustentabilidade e proteção de mercado exigidas por Paris. Até o momento, não há previsão de uma nova data para a assinatura definitiva do pacto.











