Lula enfrenta Trump em reunião tensa e exige suspensão de tarifas contra o Brasil

O andamento das negociações será retomado ainda neste domingo, 26 - Foto: Reprodução/X

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e Donald Trump (Estados Unidos) realizaram uma reunião bilateral inédita e aguardada neste domingo (26) em Kuala Lumpur, na Malásia, à margem da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). O encontro durou cerca de 50 minutos e teve como foco principal a relação econômica e comercial entre os dois países.

A conversa, que começou às 15h30 (horário local) no Centro de Convenções, contou com a presença das principais equipes diplomáticas e econômicas de ambos os lados.

Tarifaço em pauta: Brasil pede suspensão imediata

O tema dominante da reunião foi a tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre diversos produtos brasileiros em agosto.

  • Abertura de Trump: O presidente americano demonstrou disposição para resolver a questão rapidamente. “Vamos chegar a uma conclusão rápida sobre tarifas,” afirmou Trump, indicando abertura para negociar.
  • Pedido Brasileiro: O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, classificou o encontro como “muito positivo” e revelou que o Brasil solicitou a suspensão temporária das tarifas durante o período em que as negociações bilaterais estiverem em andamento.
  • Encaminhamento Imediato: Segundo Vieira, Trump ordenou à sua equipe que se reunisse com a delegação brasileira ainda na noite deste domingo, na Malásia, para discutir a aceitação da suspensão temporária pleiteada.

Lula entregou a Trump uma pauta escrita detalhando os principais interesses brasileiros e manifestou otimismo em relação a uma relação “mais civilizada” com os EUA.

Influência chinesa e críticas à política brasileira

O Secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, articulou o interesse dos EUA em se tornarem o principal parceiro comercial do Brasil no longo prazo, citando fatores como geografia e cultura como alinhamentos vantajosos em comparação com a China.

  • Visão de Rubio: “Acreditamos que, a longo prazo, é benéfico para o Brasil nos tornar seu parceiro comercial preferencial em vez da China.”
  • Resposta Brasileira: Fontes do governo brasileiro indicaram ao Estadão que Lula rejeitaria firmemente qualquer pedido de afastamento de projetos com a China, principal parceiro comercial do Brasil.

Rubio também abordou pontos de tensão diplomática, mencionando críticas à política interna brasileira, especificamente a forma como o Brasil “tem tratado alguns de seus juízes” e o tratamento dado ao “setor digital nos Estados Unidos” e a indivíduos localizados lá devido a postagens em redes sociais.

Questões diplomáticas e menção a Bolsonaro

Outros temas de política externa também foram brevemente abordados:

  • Relação com a China: Trump afirmou que pretende se encontrar com o presidente chinês, Xi Jinping, em breve para buscar um acordo.
  • Venezuela: Lula se ofereceu para intermediar questões com a Venezuela e defendeu que a América do Sul é uma “zona de paz”. Ele reforçou que “não há nenhuma razão para ter desavença entre Brasil e Estados Unidos.”
  • Jair Bolsonaro: Antes da reunião, Trump mencionou o ex-presidente brasileiro: “Sempre gostei dele. Me sinto muito mal pelo que aconteceu com ele. Sempre achei que ele era um cara honesto, mas ele já passou por muita coisa, já passou por muita coisa.”

O diálogo entre as equipes deve ser retomado neste domingo, sem horário definido, para dar andamento às negociações sobre a suspensão temporária das tarifas.

Participantes da reunião

  • EUA: Donald Trump (Presidente), Marco Rubio (Secretário de Estado), Scott Bessent (Secretário do Tesouro), Jamieson Greer (Escritório do Representante Comercial).
  • Brasil: Luiz Inácio Lula da Silva (Presidente), Mauro Vieira (Ministro das Relações Exteriores), Audo Faleiro (Assessoria Especial da Presidência), Márcio Elias Rosa (MDIC).

Fonte: https://revistaoeste.com/politica/lula-e-trump-conversam-por-cerca-de-50-minutos-na-malasia/

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