
Com a energização do Linhão Manaus-Boa Vista, Roraima alcança um marco histórico ao ser integrado ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Essa conexão não apenas garante a segurança energética do estado, mas também o projeta como um novo polo estratégico no setor de energia, atraindo bilhões em investimentos e abrindo portas para diversos segmentos econômicos.
A linha de transmissão, com circuito duplo de 500 kV, liga as subestações Lechuga, Equador e Boa Vista. O projeto totalizou R$ 3,3 bilhões, sendo que R$ 2,5 bilhões foram financiados pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), por meio dos Fundos Constitucionais de Financiamento do Norte (FNO) e do Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA).
A operação que oficializou a inclusão de Roraima no SIN ocorreu em 10 de setembro deste ano, sendo conduzida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e celebrada com a presença do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro Waldez Góes (MIDR).
O ministro Waldez Góes classificou a iniciativa como um marco histórico para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, ressaltando que ela fornece uma condicionante essencial para o desenvolvimento: “infraestrutura, energia de qualidade e logística”.
Geração de oportunidades e confiança energética
A integração ao SIN permite que Roraima tenha acesso ao mercado livre de energia e, mais importante, crie condições para atender o crescimento acelerado de setores como o agronegócio e grandes projetos de irrigação. A dimensão da mudança já é perceptível: no domingo, 21 de setembro, Roraima chegou a exportar 27 MegaWatts (MW) para o SIN, superando a demanda local.
Para Aluízio Nascimento da Silva, Secretário Extraordinário de Atração de Investimentos do Governo de Roraima, o benefício vai além do consumo local: “O grande negócio do linhão não é só Roraima estar no sistema nacional, mas criar condições para atrair investimentos e, no futuro, disponibilizar energia ao SIN.”
O novo cenário já desperta o interesse de segmentos como:
- Data Centers: Que exigem alta confiabilidade e estabilidade energética.
- Agroindústrias Finalísticas: Como frigoríficos de frango, com foco não apenas no consumo local (Roraima e Amazonas somam quase 5 milhões de consumidores), mas na exportação para a Venezuela, Colômbia, Guiana e países do Caribe (um mercado de mais de 60 milhões de pessoas).
- Saúde, Hotelaria e Turismo.
Além da energia, o Secretário destacou o potencial de conectividade. Com a Guiana já recebendo cabos internacionais de fibra ótica, a rede de Roraima pode ser estendida para criar redundância de internet para todo o Norte do Brasil.
Impacto fiscal e ambiental: economia de R$ 500 milhões
A conexão ao SIN trará um alívio significativo para as contas públicas e para o bolso do consumidor brasileiro, pois permite a substituição gradual das usinas termelétricas a óleo diesel.
De acordo com Roberto Wagner Lima, gerente de Energia da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), até 2026, o linhão deve suprir cerca de 70% da demanda de Roraima. Essa substituição é projetada para gerar uma redução anual de mais de R$ 500 milhões na Conta de Consumo de Combustíveis (CCC).
“O Linhão, além de garantir segurança energética para Roraima, vai aliviar o bolso de todos os consumidores do país, reduzindo a necessidade desse subsídio aos combustíveis fósseis,” ressaltou Lima.
Em 2023, a CCC custou R$ 13 bilhões ao país, com Roraima sendo um dos maiores responsáveis por esse gasto. A redução, segundo o especialista, pode diminuir a CCC, que hoje representa entre 4% e 4,5% do valor final da tarifa de energia elétrica.
“Roraima Day” na busca por investidores
Para capitalizar o novo cenário energético, o governo estadual intensificou a atração de investimentos por meio do programa Roraima Day, lançado em 2019. A iniciativa busca “vender” o estado, abordando temas cruciais como energia, regularização fundiária e meio ambiente.
Desde o lançamento, o programa já percorreu nove estados. Um dos eventos mais recentes ocorreu em Curitiba, na segunda-feira, 22 de setembro, e resultou em 34 visitas marcadas in loco de investidores interessados.
Assessoria de Comunicação Social do MIDR