Hapvida afunda na B3 e MPAM teme um agravamento das reclamações

Foto: Evandro Seixas-DPE/AM

A Hapvida, considerada a maior empresa de serviços de saúde da América Latina, sofreu uma queda histórica em suas ações após a divulgação do seu balanço do último trimestre. O resultado negativo levou uma série de instituições financeiras a reavaliarem o valor dos papéis da companhia, com uma enxurrada de orientações negativas aos clientes.

O tombo na bolsa

No dia 13 de novembro, as ações da Hapvida despencaram 43% em um único pregão após a apresentação do balanço trimestral.

Esta queda acentuada faz parte de uma trajetória de desvalorização contínua e vertiginosa da empresa na Bolsa de Valores (B3):

  • 2018 (estreia na B3): A empresa valia R$ 16 bilhões, com a ação cotada a R$ 260.
  • 2021 (fusão com Notre Dame): O valor de mercado chegou a R$ 110 bilhões.
  • Atualmente: O valor da empresa caiu para R$ 8 bilhões, e o preço da ação está em R$ 17.

Piora no resultado financeiro e rebaixamento de bancos

O principal motor da crise foi o fraco resultado operacional da Hapvida no trimestre. O indicador Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em R$ 746,4 milhões, o que representa uma queda de 17,6% na comparação anual.

A piora levou grandes instituições financeiras a mudarem a recomendação para as ações da empresa, incluindo:

  • JP Morgan
  • Banco do Brasil
  • Bradesco
  • Itaú
  • BTG Pactual

Análise do JP Morgan:

O banco destacou que a perda foi “impulsionada pela operação”, devido à combinação de fatores como:

  • adições líquidas limitadas de clientes;
  • tíquete médio menor que o esperado;
  • sinistros por beneficiário (MLR/sinistros per capita) acima do previsto.

A análise atribui o aumento dos sinistros a uma maior disponibilidade de serviços (devido ao fortalecimento da rede própria) e uma sazonalidade negativa mais forte, com um inverno mais frio e viroses tardias.

Os reflexos para os usuários do Amazonas:

A instabilidade financeira da Hapvida pode se traduzir em desafios concretos para os beneficiários no Amazonas:

  1. Risco de Queda na Qualidade do Atendimento: A necessidade de reverter os resultados negativos pode levar a operadora a intensificar medidas de corte de custos. Isso pode se manifestar em:
    • Dificuldade na marcação de consultas e exames, especialmente para especialidades mais procuradas ou procedimentos de alto custo.
    • Restrições ou negativas mais frequentes na autorização de tratamentos, cirurgias e medicamentos, visando controlar a sinistralidade.
    • Possível descredenciamento de médicos, clínicas ou hospitais parceiros, limitando as opções de atendimento para os usuários e concentrando a demanda na rede própria.
  2. Insegurança para Servidores Públicos: A Hapvida é uma das principais operadoras para servidores públicos em Manaus e no Amazonas, atendendo por meio de convênios como o Manausmed (Prefeitura de Manaus) e contratos com o Governo do Estado. A crise gera grande incerteza sobre a solidez da empresa em cumprir integralmente seus compromissos, podendo afetar a segurança assistencial desses grupos. Há, inclusive, relatos de que a empresa já perdeu contratos importantes na região, como os da Seduc-AM e de grandes empresas do Polo Industrial.
  3. Agravamento de um Histórico de Reclamações: A situação financeira turbulenta se soma a um cenário onde a Hapvida já enfrentava desafios de qualidade no Estado. O Ministério Público do Amazonas (MPAM) tem apurado denúncias de irregularidades e dificuldades no atendimento em Manaus, como negativas de medicamentos e problemas na marcação de terapias, inclusive para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A operadora chegou a firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o MPAM para reestruturar o atendimento e garantir acesso a serviços essenciais. A atual crise pode dificultar o cumprimento desses acordos e agravar a insatisfação dos consumidores.

Em um contexto de incertezas, é fundamental que os usuários da Hapvida no Amazonas estejam atentos aos seus direitos e aos canais de comunicação da empresa, buscando informações e, se necessário, acionando órgãos de defesa do consumidor e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em caso de problemas no atendimento.

Fonte: https://www.metropoles.com/colunas/dinheiro-e-negocios/apos-tombo-historico-bancos-rebaixam-avaliacao-de-acoes-da-hapvida

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