França mantém veto e adia acordo Mercosul União Europeia às vésperas de cúpula

País afirma que suas exigências estão “longe de ser aceitas” e esfria negociação

Em novembro de 2022, Emmanuel Macron e Lula se encontraram em Paris – Foto: Reprodução/Twitter @LulaOficial

O impasse em torno do acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia ganhou um novo capítulo. Neste domingo, o governo da França reforçou sua posição contrária ao pacto nos termos atuais, alertando que não aceitará um texto que ameace a competitividade de seus agricultores. A declaração ocorre pouco antes de uma cúpula crucial em Bruxelas, onde líderes europeus devem discutir os próximos passos para a aprovação final do tratado.

A postura francesa é considerada o principal obstáculo para que o acordo, negociado há mais de duas décadas, seja finalmente assinado. O bloco europeu esperava conceder um mandato à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para que a assinatura ocorresse em breve no Brasil, mas essa possibilidade está cada vez mais distante.

Exigências francesas ainda não foram atendidas

A ministra da Agricultura da França, Annie Genevard, foi enfática ao declarar que as exigências do país “estão longe de ser aceitas” e que um acordo que “exponha nossos agricultores não é possível”.

A preocupação central da França reside na concorrência desleal. Os agricultores europeus, em especial os franceses, temem ser inundados por produtos sul-americanos, como carne e grãos, que seriam mais baratos devido a normas ambientais e sanitárias menos rigorosas do que as impostas na Europa.

O ministro da Economia francês, Roland Lescure, reiterou a posição, classificando o tratado em sua forma atual como “inaceitável”.

As três condições para a assinatura

Lescure detalhou as três condições inegociáveis impostas pelo governo francês para que o acordo possa avançar:

  1. Cláusulas de salvaguarda: Mecanismos robustos e operacionais que permitam proteger os setores europeus em caso de ameaça. O Parlamento Europeu deve votar sobre essas cláusulas em breve.
  2. Proteção e concorrência leal: Medidas que assegurem que os produtos importados do Mercosul obedeçam às mesmas regras de produção aplicadas aos bens europeus.
  3. Controles de importação: Garantia de que haverá fiscalização eficiente sobre os produtos que chegam ao mercado europeu.

O ministro ressaltou que a União Europeia é uma potência comercial, mas que seus acordos devem ser equilibrados. Ele defende que, embora a Europa continue aberta, é fundamental que ela saiba se proteger de práticas que considera desleais quando necessário.

A incerteza sobre o cumprimento dessas condições mantém o acordo congelado, frustrando a expectativa dos países do Mercosul, que viam a cúpula atual como um momento decisivo para encerrar as negociações. O cenário indica que o Brasil e seus parceiros terão de continuar a busca por uma solução diplomática que atenda às rígidas exigências de proteção do mercado agrícola francês.

Mercosul e a postura brasileira

Internamente, o Mercosul segue unido na defesa do acordo, com o Brasil liderando os esforços para tentar remover as barreiras francesas. O governo brasileiro tem argumentado que o bloco já se comprometeu com garantias ambientais e climáticas significativas para satisfazer as demandas europeias.

No entanto, a resistência da França, motivada por pressões de seu poderoso lobby agrícola, continua sendo o fator determinante que impede o avanço de um dos maiores acordos comerciais do mundo.

Fonte: https://jovempan.com.br/noticias/mundo/franca-diz-que-acordo-ue-mercosul-coloca-agricultores-locais-em-risco.html

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