“Forças ocultas” rondam a CPI do Asfalto

Dos dez deputados estaduais que assinaram a CPI do Asfalto na Assembleia Legislativa (Aleam), ainda restam oito resistentes, heróis de última trincheira, que desafiam as “forças ocultas” que operam como verdadeiros ninjas nos bastidores, pressionando pela retirada de assinaturas.

A investigação mira milhões de reais do Governo do Estado repassados ao programa “Asfalta Manaus”, do prefeito David Almeida (Avante), pavimentando suspeitas em vez de ruas.

Um dos primeiros a ceder ao assédio foi o deputado Dan Câmara (Podemos), que saiu da CPI alegando que seu foco era “restritivo e direcionado”. Dan integra a família Câmara, que lidera a Igreja Assembleia de Deus, aliada de David.

Outro que preferiu desviar do asfalto quente foi o deputado Cristiano D’Ângelo (MDB), cujo partido é comandado no Amazonas pelo senador Eduardo Braga, principal apoiador do prefeito. D’Ângelo não quer disputar lugar na contramão de uma aliança.

Wanderley ameaçado de expulsão

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Fontes confidenciaram à coluna que o partido Avante ameaça expulsar o deputado Wanderley Monteiro por “traição”. O crime? Ter assinado a CPI do Asfalto. Em tempos de fidelidade canina à liderança, questionar contratos públicos parece ter virado pecado capital.

A coluna procurou o deputado por mensagem via WhatsApp, mas ele não respondeu.

Amazônia, um narcoestado

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O 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública acendeu um alerta incandescente para a Amazônia: a região está virando um narcoestado. Entre 2013 e 2024, as apreensões de cocaína subiram 92%. Já as de maconha explodiram em inacreditáveis 6.530%.

Com a repressão aérea iniciada após 2004, os narcotraficantes reinventaram suas rotas, transformando os rios amazônicos em verdadeiras “hidrovias da cocaína”. A tríplice fronteira com Colômbia, Peru e Bolívia virou área VIP do crime transnacional, com logística mais precisa que muita empresa de delivery.

Violência se alastra na região

O narcotráfico não traz só drogas. Traz, também, o caos. A violência urbana típica das metrópoles agora faz escala nas comunidades ribeirinhas. O estudo “Pousando na Água”, das universidades Insper e USP, mostra como os traficantes dominaram os rios da Amazônia, levando medo e insegurança às margens.

Além da droga, vêm o garimpo ilegal e a lavagem de dinheiro. Em 2023, o Coaf identificou 3.615 operações financeiras suspeitas na Amazônia Legal — sinais de um ecossistema criminoso que cresce como trepadeira no coração da floresta. O desafio das autoridades é fazer mais que discurso.

Registro de federações partidárias

Por maioria, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu: partidos políticos têm agora até seis meses antes da eleição para registrar federações partidárias junto à Justiça Eleitoral.

A medida, que confirma liminar do ministro Luís Roberto Barroso, antecipa a formação de alianças e acaba com a “farra da última hora”. As federações permitem que legendas atuem juntas nas eleições, mas com a obrigação de permanecer casadas por, no mínimo, quatro anos. Um casamento político com cláusula de fidelidade — no papel, pelo menos.

Retirada de ambulantes irregulares

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A operação conjunta da Guarda Municipal e da Semacc gerou tumulto no Centro de Manaus nesta quinta-feira (7). Ambulantes irregulares protestaram e bloquearam ruas em reação à retirada de suas estruturas.

Apesar do confronto, a ação teve como objetivo coibir o comércio informal desordenado e proteger a saúde pública. Foram apreendidos alimentos impróprios, garrafas mal reutilizadas e carrinhos fora dos padrões sanitários. Segundo o secretário Wanderson Costa, a meta é organizar a atividade e garantir dignidade tanto para os consumidores quanto para os próprios trabalhadores, desde que estejam regularizados.

COP “só para ricos”

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A tão alardeada COP-30 em Belém, que deveria projetar o Brasil como protagonista climático e dar voz aos países pobres na governança global, virou um tiro no pé do discurso internacional de Lula.

A crise de hospedagem — prevista desde o berço da candidatura para sediar o evento — explodiu de vez com a desistência do presidente da Áustria, que alegou que “os custos logísticos” para participar não caberiam no orçamento. Se faltou dinheiro em Viena, imagine em Maputo ou Katmandu.

Clube vip e vexame logístico

A ironia é que a COP na Amazônia, símbolo de inclusão e justiça climática, começa a parecer um clube VIP: só entra quem pode pagar diárias astronômicas ou tem cabine garantida em cruzeiro. E o governo brasileiro, acostumado ao esbanjamento com aviões da FAB, hotéis cinco estrelas e “patrocínios amigos”, parece surpreso ao descobrir que nem todo mundo tem o mesmo gosto por mordomia oficial.

Mudar a sede da COP seria mais do que um vexame logístico. Seria dinamite na base política de Lula com o MDB. O evento é vitrine internacional e trampolim eleitoral para o governador do Pará, Helder Barbalho, peça-chave para o presidente em 2026.

Tirar a COP de Belém seria confessar que o Pará falhou — e enterrar as pretensões nacionais de Helder. Melhor aguentar o vexame e improvisar umas gambiarras diplomáticas para salvar o espetáculo.

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