
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) esteve na carceragem da Polícia Federal em Brasília nesta terça-feira, 16 de dezembro, para visitar o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Na saída, o parlamentar expressou descontentamento com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou uma nova perícia oficial para avaliar a real necessidade de uma cirurgia de hérnia no ex-chefe do Executivo.
A defesa alega que o procedimento é urgente, mas o magistrado solicitou o laudo técnico antes de autorizar qualquer transferência hospitalar. Segundo Flávio, apesar do imbróglio jurídico e das condições de encarceramento, o pai apresenta um quadro de saúde estável. O senador relatou que Jair Bolsonaro está bem-humorado, sem as crises de soluço que o acometeram anteriormente e com mais disposição física do que nos dias passados.
Articulação por projeto de revisão de penas
A visita também serviu para alinhar estratégias políticas, especificamente sobre o Projeto de Lei que discute a dosimetria das penas para condenados por tentativa de golpe de Estado. A matéria, que pode entrar na pauta do Senado nesta quarta-feira, dia 17, é vista por aliados como uma via para beneficiar o ex-presidente.
De acordo com o senador, Bolsonaro deu sinal verde para o avanço da proposta, com a expectativa de que seja votada ainda neste ano legislativo. Contudo, Flávio defende “ajustes finos” no texto. O objetivo seria impedir que benefícios legais sejam estendidos indiscriminadamente a todos os condenados pelos atos de 8 de janeiro, focando em casos específicos.
O parlamentar citou o exemplo de Débora Rodrigues, conhecida por pichar a estátua da Justiça, argumentando que situações como a dela mereceriam medidas alternativas, como a semiliberdade, em vez do regime fechado rigoroso.
“Ele aguenta o tranco de mais um tempo aqui, até que essa situação toda se reverta e a Justiça seja restabelecida em nosso país”, declarou Flávio, referindo-se à resiliência do pai em aguardar o desfecho legislativo.
Impasse no congresso e negociações
O trâmite do projeto, no entanto, enfrenta obstáculos. Flávio criticou a forma como o texto foi apresentado aos parlamentares, alegando que a divulgação “em cima da hora” prejudicou a análise aprofundada e a proposição de emendas. Existe um receio, segundo ele, de que criminosos de alta periculosidade possam ser beneficiados “de carona” caso a lei não seja bem redigida.
Para tentar contornar os problemas técnicos e políticos da proposta, o senador pretende se reunir com Rogério Marinho, líder do PL no Senado. Marinho tem sido o principal interlocutor nas negociações com o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, e mantém contato direto com Jair Bolsonaro para definir os rumos da oposição.
Cenário para 2026 e resistência do centrão
Paralelamente à batalha jurídica do pai, Flávio Bolsonaro reafirmou sua pré-candidatura à Presidência da República para o pleito de 2026. A movimentação, contudo, ocorre em um terreno hostil dentro do próprio espectro conservador.
Informações de bastidores dão conta de que, na noite de segunda-feira, dia 15, lideranças de partidos como PP, União Brasil, Republicanos e PSD se reuniram para avaliar o tabuleiro eleitoral. A apuração indica que há uma forte resistência ao nome de Flávio entre as legendas do chamado “centrão”. A preferência majoritária do grupo recai sobre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ou o governador do Paraná, Ratinho Júnior.
A definição oficial sobre o apoio desse bloco político deve ocorrer apenas no final de janeiro, o que deixa o senador do Rio de Janeiro com pouco tempo para viabilizar seu nome como o herdeiro político natural do bolsonarismo.
Contexto da prisão Jair Bolsonaro encontra-se detido na Superintendência Regional da Polícia Federal em Brasília desde o dia 22 de novembro. O ex-presidente cumpre uma pena total de 27 anos e três meses de reclusão, após condenação por tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.











