
Por Valter Casarin (*)
As Inundações em áreas agrícolas causam perdas significativas de nutrientes, degradação da estrutura do solo e comprometimento da atividade biológica. Contudo, a recuperação desses solos é totalmente possível com a adoção de estratégias focadas na reposição de nutrientes via fertilizantes, correção do pH, reativação da biota do solo e outras boas práticas agronômicas. Investir nessas medidas é fundamental para restaurar a fertilidade e garantir a produtividade de forma sustentável.
Eventos de inundação, cada vez mais frequentes devido às mudanças climáticas, impactam diretamente os solos agricultáveis. A deposição de sedimentos, a compactação, a lixiviação de nutrientes (quando a água remove os nutrientes para camadas mais profundas) e a alteração da microbiota (os microrganismos que habitam o solo) reduzem drasticamente a capacidade produtiva das áreas atingidas. Por isso, é crucial estabelecer protocolos técnicos de recuperação, nos quais os fertilizantes desempenham um papel central.
As inundações provocam uma série de alterações prejudiciais nos solos:
- Lixiviação de nutrientes: Nutrientes móveis como nitrogênio, potássio e enxofre são facilmente perdidos.
- Compactação e hipóxia: A saturação de água reduz a difusão de oxigênio, afetando a respiração das raízes e a microbiota aeróbica.
- Alteração do pH e salinidade: O solo pode se tornar mais ácido, alcalino ou salino.
- Soterramento da camada fértil: A deposição de sedimentos pode cobrir e isolar a camada superficial mais arável do solo.
- Risco de contaminação: Águas contaminadas podem introduzir metais pesados ou agentes patogênicos.
A recuperação deve começar com um diagnóstico detalhado por meio de análises laboratoriais (químicas, físicas e biológicas) do solo pós-inundação. Isso é crucial para identificar os desequilíbrios e definir os insumos corretivos e fertilizantes necessários.
- Correção do pH: A primeira etapa é a correção do pH do solo, geralmente com o uso de calcário para neutralizar a acidez. Para solos compactados ou com acúmulo de sódio, o gesso agrícola é o insumo mais indicado.
- Reposição de Nutrientes: Após a correção, o solo estará pronto para receber os nutrientes essenciais. Nesse momento, são aplicados fertilizantes para adicionar elementos cruciais para o desenvolvimento e produção das culturas, como:
- Nitrogênio
- Fósforo
- Potássio
- Zinco
- Manganês
- Cobre
- Boro
- Estímulo à Biota do Solo: Para reativar a vida microbiana do solo, podem ser aplicados microrganismos benéficos como Azospirillum, Bacillus e Trichoderma. Recomenda-se também a aplicação de fertilizantes orgânicos, como esterco curtido ou compostos, pois a adição de matéria orgânica melhora a estrutura física do solo e sua capacidade de retenção hídrica. Fontes recomendadas incluem compostos orgânicos, palhadas e húmus de minhoca.
- Práticas Agronômicas Complementares: Algumas práticas essenciais para a saúde a longo prazo do solo incluem:
- Rotação de culturas com leguminosas: Ajuda na estruturação e fertilidade do solo.
- Plantio direto: Contribui para a conservação do solo.
- Cobertura permanente do solo: Protege o solo e reduz a erosão.
A recuperação de solos após inundações exige ações técnicas integradas, baseadas em diagnósticos precisos. O uso de fertilizantes, combinado com corretivos e práticas sustentáveis, permite restaurar a fertilidade e garantir a continuidade da produção agrícola. Investir em estratégias resilientes é fundamental para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e pelos eventos climáticos extremos.
(*) é coordenador geral e científico da NPV







