“Eu Capitu” rompe o silêncio e denuncia o machismo em espetáculo poderoso

A equipe de 'Eu Capitu' em Manaus: arte, reflexão e vozes femininas no palco do Teatro da Instalação - Foto: Divulgação/ SEC

Peça será apresentada nos dias 25 e 26 de outubro, no Teatro da Instalação, e propõe uma reflexão sobre o silenciamento feminino e a violência de gênero – Foto: Divulgação/SEC

Após percorrer nove capitais brasileiras, o aclamado espetáculo teatral “Eu Capitu” chega a Manaus pela primeira vez neste fim de semana. A montagem, que oferece uma releitura contemporânea de Dom Casmurro (Machado de Assis) sob uma perspectiva feminina, propõe uma reflexão contundente sobre o silenciamento das mulheres e a violência de gênero na sociedade atual.

As apresentações são gratuitas e acontecem no Teatro da Instalação, na rua Frei José dos Inocentes, Centro.

Uma nova voz para capitu

Com texto de Carla Faour, idealização e direção geral de Felipe Valle, e direção artística de Miwa Yanagizawa, a peça é protagonizada por Flávia Pyramo e Mika Makino.

Em cena, o público acompanha a história de Ana (Mika Makino), uma menina que vive em um ambiente de violência doméstica e busca refúgio no mundo imaginário. Sua mãe, Leninha (Flávia Pyramo), está em um relacionamento abusivo, e essa realidade traumática a impacta diretamente.

Ao ser obrigada a estudar Dom Casmurro para uma prova escolar, Ana começa a identificar no clássico machadiano as dores e os silêncios que a cercam. É nesse encontro entre a realidade brutal e a ficção que surge uma nova Capitu, finalmente livre para narrar a própria história.

A autora, Carla Faour, explica a abordagem: “Se o assunto é pesado, eu queria tratar de forma doce e lúdica, criando um universo metafórico. A peça dá voz às mulheres em um mundo que ainda é dominado por narrativas masculinas, seja na política, nas artes ou nas famílias”.

Da impotência à criação necessária

A ideia para o espetáculo surgiu de uma experiência pessoal do produtor Felipe Valle, que testemunhou um episódio de violência doméstica sem conseguir intervir. O sentimento de impotência o motivou a revisitar o clássico de Machado de Assis.

“Percebi toda a carga de machismo contida naquela obra e quis trazê-la ao teatro pelo olhar feminino. Por isso, convidei mulheres para dirigir, escrever e dar vida a essa história, tão atual e necessária”, explica Valle.

A diretora Miwa Yanagizawa reforça o papel da arte: “Nos interessa instigar o público a enxergar outras possibilidades narrativas e a tomar consciência a partir de múltiplas perspectivas. O palco é um lugar para levantar questionamentos, não apenas para oferecer respostas”.

O projeto é realizado pela Trupe Produções Artísticas e Pagu Produções Culturais, com patrocínio da Petrobras (via Lei Federal de Incentivo à Cultura).

Apresentações teatrais (Gratuitas)

As sessões em Manaus acontecem no sábado (25/10) e no domingo (26/10), ambas às 19h30, no Teatro da Instalação.

  • Sábado (25/10): Após o espetáculo, o público poderá participar de uma roda de conversa com a equipe artística.
  • Domingo (26/10): A sessão contará com acessibilidade em Libras e Audiodescrição.

A entrada é gratuita, e os ingressos podem ser retirados na bilheteria do teatro uma hora antes de cada sessão. A classificação indicativa é de 14 anos, com duração aproximada de 90 minutos.

Oficinas formativas (gratuitas)

O projeto inclui duas oficinas voltadas a artistas, estudantes e produtores culturais:

  1. Oficina Petrobras “Eu Outra”: Ministrada por Miwa Yanagizawa, acontece no sábado (25/10), das 9h às 13h, no Centro Cultural Palacete Provincial. O tema é a reflexão sobre narrativas pessoais a partir de objetos afetivos.
  2. Oficina Petrobras “Da Ideia ao Projeto”: Conduzida por Bárbara Galvão, acontece no domingo (26/10), das 13h às 17h, no Teatro da Instalação. O foco é o processo de criação e planejamento de projetos culturais.

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