A médica Renata Maksoud Bussuan, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Transgênero (SBRAMT), desembarca em Manaus nesta sexta-feira (12) e sábado (13). O objetivo da visita é ministrar aulas para os estudantes de pós-graduação em Endocrinologia da Afya Educação Médica, onde abordará a importância da terapia hormonal na promoção da saúde de pessoas trans.
Renata, que também é coordenadora nacional da pós-graduação em Endocrinologia da instituição e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), focará em práticas seguras, acolhedoras e baseadas em evidências científicas.
O papel da endocrinologia na transição
A especialista destaca que a função do endocrinologista vai muito além da prescrição de hormônios. Segundo ela, é fundamental esclarecer riscos e benefícios, interpretar exames e monitorar resultados clínicos de forma integrada a uma equipe multiprofissional.
“O seguimento endocrinológico vai muito além da harmonização; é assegurar que cada pessoa seja escutada, que seus objetivos sejam respeitados e que o tratamento ocorra de forma segura”, observa Renata Bussuan.
A terapia afirmativa busca alinhar as características físicas à identidade de gênero, promovendo bem-estar. Para pessoas transmasculinas, o tratamento induz características masculinas; para transfemininas, o foco é induzir características femininas e reduzir a ação dos andrógenos. Todo o processo exige monitoramento rigoroso de parâmetros como função hepática e risco cardiovascular.
Atenção multidisciplinar e riscos da automedicação
Bussuan reforça que o cuidado deve envolver diversas áreas, como psicologia, fonoaudiologia, dermatologia e serviço social.
“A endocrinologia coordena a parte hormonal, mas o bem-estar depende de toda uma rede. Cuidar da saúde mental, da voz e da pele é tão importante quanto o uso de hormônios”, pontua.
A médica também alerta para o perigo da automedicação, prática comum devido à dificuldade de acesso aos serviços de saúde. O uso irregular de substâncias aumenta drasticamente o risco de trombose, hipertensão e problemas hepáticos. “O acompanhamento profissional é o que garante segurança e resultados eficazes”, esclarece.
Cenário local e serviço gratuito
No Amazonas, a referência pública é o Ambulatório de Diversidade Sexual e Gêneros da Policlínica Codajás, que realiza cerca de 200 atendimentos mensais. Embora ainda esteja em processo de habilitação formal no Processo Transexualizador do SUS, o espaço já oferece hormonização e atenção multiprofissional.
Paralelamente, a Afya Educação Médica contribui para ampliar o acesso à saúde em Manaus. A instituição oferece consultas gratuitas como parte das atividades práticas dos cursos de pós-graduação.
Suelen Falcão, diretora da Afya Manaus, ressalta que a iniciativa une a formação técnica e humanizada dos profissionais ao atendimento da comunidade. A estrutura conta com sete salas de aula, 18 ambulatórios e salas de procedimentos.
Serviço
Os atendimentos gratuitos na Afya ocorrem mediante agendamento e incluem especialidades como Endocrinologia, Dermatologia, Ginecologia, Pediatria, Psiquiatria, Nutrologia e Cardiologia, entre outras.
- Local: Avenida André Araújo, 2767, bairro Aleixo.
- Contato: Para verificar vagas e agendar, os interessados devem entrar em contato pelo número (92) 99379-9297.
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