
A Agência Espacial Europeia (ESA) confirmou que o cometa 3I/ATLAS não oferece qualquer risco de impacto com a Terra, desmentindo boatos que circularam intensamente em redes sociais e veículos internacionais. Em resposta oficial, Richard Moissl, chefe do Escritório de Defesa Planetária da ESA, negou a existência de qualquer simulação ou protocolo de defesa planetária ativado em relação ao objeto.
1. Desmentido e comportamento esperado
A declaração da ESA é categórica ao refutar a alegação de ameaça. O cometa, segundo a agência, está se comportando “de acordo com o esperado” para um corpo natural em trajetória hiperbólica, que apenas atravessará o nosso Sistema Solar.
Questionado diretamente sobre o status do objeto, Moissl esclareceu: “Não, em nenhum momento houve qualquer tipo de ameaça associada a esse objeto. […] Não houve, nem estão ocorrendo, simulações ou exercícios relacionados à defesa planetária envolvendo o 3I/ATLAS, já que nunca houve dúvida de que ele apenas atravessaria o nosso Sistema Solar.”
2. A origem dos boatos: confusão entre ciência e defesa
Os boatos de que a NASA teria ativado um “protocolo de defesa planetária” surgiram a partir de uma má interpretação de um boletim técnico do Minor Planet Center (MPC).
- Campanha Científica: O documento citado tratava, na verdade, de uma campanha internacional de astrometria (medição da posição de objetos celestes), coordenada pela IAWN (International Asteroid Warning Network). Essa campanha, planejada desde 2024, visa apenas estudar o cometa com precisão.
- Confirmação IAWN: O diretor da IAWN, Dr. Vishnu Reddy, também negou os rumores: “nada foi ativado em termos de defesa planetária.”
- Paralisação da NASA: A Agência Espacial Norte-Americana (NASA) não pôde se pronunciar sobre o assunto devido à paralisação do governo (shutdown), o que, inadvertidamente, pode ter alimentado a especulação sobre uma suposta emergência.
3. O interesse científico único do 3I/ATLAS
Longe de ser uma ameaça, o cometa 3I/ATLAS é considerado uma oportunidade científica rara por ser apenas o terceiro objeto interestelar já identificado a passar pelo nosso Sistema Solar, depois de 1I/ʻOumuamua (2017) e 2I/Borisov (2019). O objeto veio de fora do Sistema Solar e sua trajetória é hiperbólica, o que significa que ele não orbita o Sol.
- Descoberta e tamanho: Descoberto em julho de 2025 pelo telescópio ATLAS, no Chile, o núcleo do cometa é estimado entre 320 metros e 5,6 quilômetros de largura.
- Composição anômala: O Telescópio Espacial James Webb revelou um detalhe fascinante: a coma (a espécie de atmosfera temporária) do cometa é dominada por dióxido de carbono (CO₂), uma proporção muito superior à dos cometas nativos do nosso Sistema Solar.
- Objetivo da Colaboração: Para a comunidade científica, a coordenação internacional é natural e essencial. Richard Moissl resume: “Ter a rara chance de coletar dados sobre um cometa vindo de uma região distante do universo é ainda mais empolgante. […] Quanto mais dados coletamos, mais aprendemos.”
O cometa 3I/ATLAS atingirá seu ponto mais próximo do Sol (o periélio) em 29 de outubro, permanecendo sob intensa observação de astrônomos em todo o mundo.











