
Por Rafael Sanchez (*)
O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano representa muito mais do que uma prova: será um ponto crucial de uma revolução silenciosa que a Inteligência Artificial vem proporcionando à educação brasileira. Digo isso porque hoje temos uma geração de jovens que estuda com apoio direto de IAs como o Chat GPT, plataformas generativas e assistentes virtuais capazes de ensinar, corrigir e até simular o próprio exame.
A partir dessa realidade, surge um novo desafio para as instituições de ensino: como avaliar competências de maneira eficiente em um mundo onde a IA é (ou deveria ser) parte do processo de aprendizagem?
É fato: o uso de IA, principalmente a generativa entre os jovens aumentou. Pesquisas do Cetic (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) mostram que o percentual de estudantes do Ensino Médio que usa ferramentas digitais para estudar ultrapassa os 80%, e entre universitários o cenário também não é diferente, mudando completamente a lógica do aprendizado.
O estudante de hoje quer protagonismo. Ele não busca apenas decorar conteúdos, mas sim como transformar informação em argumento, sendo essa uma habilidade valorizada pelo mercado de trabalho. Nesse cenário de transformação, temos que notar que o ecossistema de tecnologia e inovação está muito à frente do poder público. Por exemplo, enquanto políticas educacionais ainda discutem como lidar com a tecnologia, empresas já cobram habilidades digitais e pensamento crítico como requisitos básicos de contratação.
Ou seja, a IA está moldando o perfil profissional antes mesmo de o sistema educacional entender como integrá-la de forma efetiva, abrindo um grande espaço para a inovação nas empresas. As startups de soluções de IA para as organizações podem ocupar essa lacuna deixada pela burocracia estatal e oferecer soluções concretas, como as plataformas de estudo personalizadas, que ensinam a como os alunos podem usar e aproveitar o melhor da IA, além de trazerem correções automatizadas de redações com critérios objetivos, trilhas de aprendizado por desempenho e tutores virtuais que realmente aprendem com o aluno, mapeando os pontos fortes e fracos.
A meu ver, o Enem 2025 será, nesse contexto, um teste não só para os alunos, mas também para todo o sistema de ensino. Ou nós reconhecemos que a IA já é parte do aprendizado e passamos a avaliar a capacidade de análise, síntese e argumentação, ou continuaremos presos a um modelo de prova arcaico, que mede memória, não inteligência.
Portanto, o futuro da aprendizagem e da empregabilidade será decidido pela capacidade de o mercado liderar esse processo, com ética, eficiência e visão de longo prazo, focando em estratégias personalizadas, menos quantidade e mais qualidade. Quem entender isso a partir de agora, seja escola, startup ou empresa, sairá na frente.
E você, como tem se preparado para as mudanças?
(*) é CEO e fundador da Evolução Digital, uma empresa de tecnologia com soluções de Inteligência Artificial aplicada à eficiência empresarial com automações e assistentes virtuais para PMEs (Pequenas e Médias Empresas), profissionais liberais e redes de negócios.











