A Secretaria de Estado de Proteção Animal do Amazonas (Sepet-AM), criada há pouco mais de um mês, vive um cenário de instabilidade crônica, funcionando como uma moeda de troca em manobras políticas do União Brasil.
A deputada estadual licenciada Joana Darc foi exonerada do cargo nesta terça-feira (17), após um período inconclusivo à frente da pasta, para reassumir seu mandato na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).
A saída de Joana da Sepet desencadeia um “efeito dominó” nos legislativos estadual e municipal. Com seu retorno à Aleam, a suplente Professora Jacqueline, também do União Brasil, é obrigada a deixar a cadeira e voltar para a Câmara Municipal de Manaus (CMM).
Na base dessa cadeira de ajustes, quem acaba sacrificado é o suplente Amauri Gomes, do mesmo partido, que perde o mandato mais uma vez.
Bagunça administrativa
A rápida passagem de Joana Darc pela Sepet é a segunda mudança no comando da secretaria em pouco mais de 30 dias. A titular anterior, Leda Maria Maia Xavier, aliada da deputada, também teve uma gestão relâmpago, em um movimento visto como uma manobra burocrática.
Para assumir o lugar de Joana Darc, o governador Wilson Lima (União Brasil) nomeou Edgar Duarte Nogueira, que ocupava o cargo de secretário executivo da Sepet. A escolha, no entanto, levanta questões sobre a indicação ser baseada em expertise ou em vínculos políticos.
Edgar Nogueira é apontado como figura próxima a Aldenor Lima, marido de Joana Darc. Os laços são reforçados por registros eleitorais que mostram que o novo secretário doou R$ 6 mil à campanha de Aldenor para a Câmara Municipal de Manaus nas eleições de 2024.
Prioridades em xeque
Enquanto a cúpula do União Brasil promove esse “jogo de xadrez” político, a Secretaria de Proteção Animal, que deveria estar focada na consolidação de seus programas e na efetivação de políticas públicas para a causa animal, enfrenta uma fase de total desorganização.
A sucessão de trocas no comando, todas chanceladas pelo governador Wilson Lima, coloca em xeque a capacidade de a pasta desenvolver um trabalho sério e contínuo.
A população, que esperava avanços na proteção animal, assiste a uma sucessão de nomeações que parece servir mais aos interesses partidários do que ao bem-estar dos animais e ao funcionamento eficiente do Estado.
Retorno gera suspeitas
Joana Darc reassumiu seu mandato na Aleam na sessão desta terça-feira (17). Em discurso, a parlamentar fez questão de destacar que sua permanência na Casa será “breve”, sinalizando que a movimentação pode ser mais uma jogada política do que uma real transição.
Nos bastidores, circula a informação de que o retorno de Joana tem um objetivo: auxiliar o governo em votações importantes. O fato, no entanto, levanta questionamentos sobre a relação do Executivo com a suplente Professora Jacqueline, que foi substituída por Joana e retornou à Câmara Municipal de Manaus.
A troca sugere uma desconfiança tácita na capacidade ou alinhamento da suplente em votações-chave do governo.
A manobra expõe as entranhas da política amazonense: enquanto Joana Darc é reposicionada como peça estratégica, sua suplente é preterida e o suplente Amauri Gomes é novamente sacrificado, perdendo o mandato.
