Corrupção na COP30! PF revela desvio milionário e obras fantasmas em Belém

Recursos destinados às obras foram desviados para a compra de carros e imóveis de luxo, que incluem um apartamento no Leblon

Peça de divulgação da COP30 em Belém, no Pará - Foto: Reprodução/Agência Pará

A Polícia Federal (PF) desvendou um esquema de corrupção e desvio de verbas públicas que tinha como centro um projeto de obras de infraestrutura em Belém (PA), apresentado como prioritário para a realização da COP30 (Conferência do Clima da ONU), em novembro.

O projeto, que visava beneficiar bairros periféricos com intervenções contra alagamentos e melhorias urbanas, acabou paralisado e seus recursos foram desviados para a compra de bens de luxo, incluindo carros e um apartamento no Leblon (RJ).

Detalhes da investigação

A Operação, batizada de “Óbolo de Caronte”, foi deflagrada pela PF no Pará em 16 de outubro de 2025.

  • Ações: Foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão.
  • Consequências: 12 servidores da Prefeitura de Belém foram afastados e três contratos públicos foram suspensos.
  • Crimes Investigados: Organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro.

O esquema de corrupção

A investigação da PF aponta que a empresa F.A.S. Serviços Técnicos, liderada pelo empresário Jorge Quintairos Jacob, estava no centro do esquema de pagamento de propinas a secretários municipais da gestão anterior (Prefeitura de Belém, sob Edmilson Rodrigues – Psol-PA).

  • Período: Entre 2020 e 2024.
  • Valores Envolvidos: A empresa recebeu R$ 153 milhões em contratos municipais, com o empresário liderando saques superiores a R$ 9 milhões e repasses de R$ 5,3 milhões em subornos.
  • Bens Adquiridos com Propina:
    • Um carro avaliado em R$ 356 mil.
    • Compra de um apartamento no Leblon (RJ).
    • Pagamento parcial da entrada de um imóvel em Belém para a então Secretária de Saneamento, Ivanise Coelho Gasparim (PT).
  • Circulação de Dinheiro: Parte dos valores desviados foi transferida por meio de terceiros e familiares, com movimentações feitas até a partir de um restaurante.

O projeto paralisado: mata fome

O principal foco dos desvios foi o projeto Mata Fome, apresentado pela prefeitura em maio de 2024 como prioridade para a COP30. O projeto ambicioso previa obras de drenagem, pavimentação, esgoto e moradias em quatro bairros, com previsão de beneficiar 130 mil moradores.

No entanto, o projeto foi virtualmente paralisado e abandonado. Segundo o relatório da PF:

  • As obras no igarapé Mata Fome estão paralisadas desde janeiro de 2025, com apenas intervenções iniciais executadas.
  • Mensagens trocadas entre a F.A.S. e a Secretaria de Saneamento indicam pressão para a liberação de recursos do programa, que tinha verbas do Fonplata (banco de desenvolvimento que reúne países como Brasil e Argentina).
  • A PF constatou que “milhões de reais foram liberados e pagos à empresa contratada, sem correspondência no canteiro de obras“, indicando que, enquanto os envolvidos se enriqueciam, as obras públicas permaneciam inacabadas.

Outros Envolvidos: A investigação também cita repasses de R$ 180 mil para Cláudio Puty (Psol-PA), ex-secretário municipal de Planejamento e Gestão.

Posicionamento das partes

  • Ministério das Cidades: Informou que não liberou recursos federais para as obras do Mata Fome (que tinha previsão de R$ 132,7 milhões do PAC Seleções), pois o processo licitatório não foi concluído.
  • Gestão Anterior (Edmilson Rodrigues): Declarou que os contratos foram firmados antes de seu mandato e que a gestão não é alvo da investigação.
  • Atual Administração: Afirmou que não comentaria o caso, mas confirmou que está colaborando com a PF e abriu uma sindicância para apurar possíveis responsabilidades.
  • Ex-secretária Ivanise Gasparim e Empreiteira: Não responderam aos pedidos de esclarecimento da reportagem.

Fonte: https://revistaoeste.com/brasil/pf-encontra-projeto-abandonado-da-cop30-usado-para-esquema/

Presta atenção!

O escândalo de desvio de verbas em Belém, revelado pela Operação “Óbolo de Caronte” da PF, é uma tragédia de prioridade invertida. Projetos essenciais contra alagamentos, apresentados como urgentes para a COP30 e destinados a salvar 130 mil pessoas, viraram caixabanco para o crime.

É revoltante que o dinheiro da infraestrutura e do saneamento tenha financiado o luxo, como um apartamento no Leblon, enquanto as obras permaneciam abandonadas. O contraste entre a miséria funcional das periferias de Belém e a opulência financiada pela propina é o símbolo mais cruel da corrupção no país.

A celeridade no desvio de milhões, em oposição à paralisia das obras, demonstra que a máquina pública se tornou mais eficiente para o enriquecimento ilícito do que para o serviço à população. A credibilidade da COP30 e o futuro de Belém não podem ser reféns dessa lamentável inversão de valores. A justiça e a transparência são a única drenagem necessária para limpar este lamaçal.

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