COP30 na Amazônia: o sonho de Mestrinho e o dever de um novo ciclo civilizatório

Por Nelson Azevedo (*)

A realização da COP30 em Belém, no coração da Amazônia, é mais do que um acontecimento diplomático. É a concretização de um sonho histórico — o sonho de Gilberto Mestrinho, que desejava ver o mundo reconhecer o valor da floresta em pé, sua importância vital para a humanidade e o papel do Amazonas na economia do clima.

Conservação e desenvolvimento sustentável

Mas Mestrinho não falava de uma Amazônia intocável. Ele defendia, com a mesma clareza e paixão de Samuel Benchimol, que a floresta não pode ser o “último jardim do mundo”, isolado, improdutivo e indiferente às necessidades dos milhões de brasileiros que aqui vivem.

A Amazônia precisa ser vivida e desenvolvida, com inteligência e sustentabilidade — e é esse o sentido mais profundo da realização de uma COP em nosso território.

Referência de oportunidades

Hoje, o mundo começa a reconhecer aquilo que nossos pioneiros já anunciavam há mais de meio século: que a Amazônia é a maior oportunidade de desenvolvimento sustentável do planeta. Esse reconhecimento se traduz, enfim, em instrumentos concretos: os créditos de carbono, a precificação dos serviços ambientais e os investimentos crescentes em restauração florestal e bioeconomia.

Requisitos necessários

O desafio agora é transformar esse reconhecimento em prosperidade real.

Isso exige instituições fortes, governos comprometidos, empresas inovadoras e uma sociedade capaz de compreender que o combate às mudanças climáticas não é um fardo, mas uma oportunidade de crescimento, geração de empregos e diversificação produtiva.

Indústria da floresta

O Polo Industrial de Manaus é prova viva disso.

Ele demonstra que é possível produzir com sustentabilidade, unir tecnologia e biodiversidade, e fazer da indústria um instrumento de inclusão social e proteção ambiental. É o laboratório mais avançado do mundo de uma economia de baixo carbono.

Civilização avançada

A COP30 é, portanto, mais do que uma conferência global — é um ato de maturidade civilizatória. É a chance de mostrar ao mundo que o desenvolvimento sustentável não nasce de utopias distantes, mas da ciência, da indústria e da consciência de um povo que aprendeu a conviver com a floresta.

Pioneiros e empreendedores

O sonho de Mestrinho e Benchimol se encontra, finalmente, com o século XXI.

Mas cabe a nós garantir que esse encontro produza futuro: um futuro que una soberania nacional, justiça social e integridade ecológica — com a floresta em pé, o povo de pé e a economia em movimento.

 (*) Nelson é economista, empresário, presidente do Ssindicato da indústria metalúrgica, metalmecânica e de materiais elétricos de Manaus, SIMMMEM, conselheiro do CIEAM e da CNI e vice-presidente da FIEAM.

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