COP30 começa sob incerteza com metas atrasadas

A COP30 iniciou nesta segunda-feira em Belém cercada de incertezas que podem comprometer os resultados da conferência. Dos 195 signatários do Acordo de Paris, apenas 79 países entregaram suas novas metas climáticas (NDCs), representando 64% das emissões globais.

Entre os ausentes está a Índia, um dos maiores poluidores do mundo, deixando diplomatas no escuro sobre suas intenções. A União Europeia só apresentou seu compromisso no último dia 5. Com isso, o relatório-síntese da UNFCCC foi inconclusivo e não conseguiu apontar com precisão para qual cenário de aquecimento global o planeta caminha.

Para cumprir o objetivo de limitar o aumento da temperatura a 1,5°C, seria necessário cortar 60% das emissões até 2035, mas as projeções indicam redução de apenas 10%.

Impasses comerciais e financeiros ameaçam

Foto: Divulgação

Três temas explosivos podem paralisar a COP30 logo no início: comércio global, financiamento climático e falta de ambição nas metas de redução de emissões. China e Índia lideram o grupo de países em desenvolvimento que quer discutir “medidas unilaterais” como a EUDR europeia e a CBAM, taxa de carbono nas importações que entra em vigor em janeiro.

Nenhum desses temas consta da agenda oficial acertada na COP29, mas há forte pressão para incluí-los.

“A gente nunca sabe como as COPs terminam, mas a COP30 a gente não sabe nem como começa”, resume Marcio Astrini, do Observatório do Clima. O impasse já travou por dois dias a reunião preparatória em Bonn, na Alemanha, e pode ressurgir em Belém.

Crise de hospedagem afugentou os pobres

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Os preços exorbitantes para hospedagem em Belém durante o evento quase inviabilizaram a vinda de delegações de países mais pobres, ameaçando não atingir o quórum mínimo de dois terços dos signatários (132 países) para legitimar as decisões.

A crise só foi amenizada após intervenção do governo federal, que pediu à ONU para aumentar a verba concedida aos países menos desenvolvidos e conseguiu apoio de bancos de desenvolvimento.

Às vésperas do evento, os preços de hotéis e imóveis despencaram mais de 60%. Até a última sexta-feira, 27 países ainda estavam incertos quanto à hospedagem. As três últimas COPs tiveram adesão quase total, com até 196 nações presentes.

Financiamento climático, o nó da garganta

O artigo 9.1 do Acordo de Paris estabelece que países desenvolvidos devem fornecer recursos financeiros públicos para auxiliar os em desenvolvimento no combate à crise climática.

Na COP29, em Baku, foi definido que países ricos devem mobilizar no mínimo US$ 300 bilhões anuais até 2035, mas não se especificou se virá de recursos públicos ou empréstimos que podem endividar ainda mais os países pobres.

A meta de US$ 1,3 trilhão anuais até 2035 também permite que outros países contribuam, diluindo a responsabilidade histórica das nações ricas. A Índia fez forte oposição a esses valores na plenária final de Baku.

O relatório do Pnuma indica que a adaptação aos eventos extremos pode custar mais de US$ 310 bilhões anuais em 2035 só nos países em desenvolvimento.

Pequenas ilhas cobram mais ambição

O grupo de pequenas nações insulares da América Central e do Pacífico, devastadas por furacões e inundações cada vez mais intensos, quer incluir na pauta a falta de ambição dos compromissos climáticos apresentados pelos países.

Embora não emitam praticamente gases de efeito estufa, essas nações correm risco de desaparecer com a elevação do nível do mar. Alegam que manter o aumento da temperatura em 1,5°C já não será possível e coloca em risco sua sobrevivência.

O relatório do Pnuma adverte que, se as políticas atuais forem mantidas, o aquecimento será de 2,8°C. Na melhor das hipóteses, será de 2,3°C. “É preciso encarar a dura verdade”, disse a diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen.

O que o Amazonas levou à COP

Foto: Reprodução IA

Em meio aos impasses, o governador Wilson Lima apresenta na COP30 os avanços do Amazonas como prova de que é possível proteger a floresta e gerar desenvolvimento.

Com 97% da cobertura vegetal preservada e a menor taxa de desmatamento desde 2017, o estado vai destacar os dois primeiros contratos de REDD+ em unidades de conservação estaduais — parques Sucunduri e Matupiri — parte de um pacote com 21 áreas que devem gerar 163 milhões de toneladas de créditos de carbono e beneficiar mais de 8 mil famílias.

Outros destaques são o programa Amazonas ECOLar, de moradias sustentáveis com blocos de plástico reciclado; o barco-hospital São João XXIII, que atende comunidades ribeirinhas; o Plano Estadual de Bioeconomia; e a Política de Transição Energética, que prevê reduzir 50% no consumo de diesel até 2030.

Claro! Aqui vai uma sugestão de nota para coluna baseada no texto que você enviou — curta, informativa e com tom jornalístico adequado:

Crime organizado na floresta

Foto: Divulgação

O avanço do crime organizado virou uma das principais forças por trás do desmatamento na Amazônia.

Essa é uma das conclusões do Relatório de Avaliação da Amazônia 2025: Conectividade da Amazônia para um Planeta Vivo, que será lançado na COP30 pelo Painel Científico para a Amazônia (SPA), coordenado pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU.

O documento mostra que o garimpo ilegal já ocupa mais de 2,6 mil km² na Amazônia brasileira, com mais de 4 mil pontos de mineração espalhados por terras indígenas e unidades de conservação. O climatologista Carlos Nobre é um dos copresidentes do SPA.

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