
O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), uma das principais propostas do governo Luiz Inácio Lula da Silva para financiar a conservação de florestas, não recebeu o esperado anúncio de aportes de algumas das maiores economias mundiais durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).
Países sem anúncios imediatos na COP30
Grandes nações confirmaram que não farão anúncios de aportes ao TFFF durante o evento:
- Estados Unidos
- Reino Unido
- Alemanha
- Espanha
O chanceler alemão, Friedrich Merz, afirmou na sexta-feira (7.nov.2025) que o país fará uma contribuição “considerável” em um primeiro momento, mas não especificou valores nem prazos durante a COP30.
A Espanha, por sua vez, anunciou investimentos de 45 milhões de euros, mas destinou esses recursos ao Fundo de Adaptação, ao Fundo de Perdas e Danos e ao Mecanismo de Observações Meteorológicas da Organização Mundial de Meteorologia, e não ao fundo florestal brasileiro. A Holanda ainda estuda o apoio à iniciativa.
Metas e recursos do TFFF
O TFFF foi desenhado para ser um modelo de financiamento climático que combina investimentos e negócios sustentáveis, patrocinado pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Fazenda.
1. Metas de capitalização
O objetivo final do governo brasileiro é que o fundo reúna US$ 125 bilhões em capital, sendo 20% (US$ 25 bilhões) em recursos públicos de países soberanos e 80% (US$ 100 bilhões) de capital privado, atraídos por meio da emissão de papéis no mercado internacional (como green bonds e blue bonds). A proporção esperada é de US$ 1 público para cada US$ 4 privados.
O fundo também estabeleceu metas de captação de recursos públicos a curto e longo prazo:
- Curto Prazo: R$ 10 bilhões (até o fim de 2026).
- Longo Prazo: R$ 25 bilhões, para viabilizar o fundo.
2. Contribuições já anunciadas
Até o momento, o TFFF recebeu o compromisso de US$ 5,58 bilhões das nações que destinaram recursos, incluindo o aporte do Brasil:
- Noruega: US$ 3 bilhões para os próximos 10 anos, condicionados a “critérios específicos”.
- Indonésia: US$ 1 bilhão.
- Brasil: US$ 1 bilhão.
- França: US$ 577 milhões até 2030, conforme “determinadas circunstâncias”.
- Portugal: US$ 1 milhão.
Há US$ 3,577 bilhões, ou 64% do total, que estão condicionados a “critérios específicos” ou “determinadas circunstâncias” que não foram detalhadas pelo governo brasileiro.
Mecanismo de Funcionamento do TFFF
O TFFF faz parte do Plano de Transformação Ecológica e abrange quase 90% das florestas tropicais em países em desenvolvimento, como Indonésia, República Democrática do Congo e China.
Modelo de remuneração e preservação
O fundo visa transformar a conservação em vantagem econômica, remunerando os países que preservarem suas florestas tropicais.
- Remuneração aos Países: Os lucros serão doados aos países com florestas tropicais proporcionalmente à área conservada, no modelo de US$ 4 por hectare de floresta tropical preservada. Isso será feito depois que o fundo estiver completamente capitalizado.
- Remuneração ao Investidor: O capital investido retornará ao investidor com rendimento, após a remuneração dos países por resultados.
Estrutura e Banco Mundial
- Monitoramento: O fundo utilizará monitoramento por satélite com padronização internacional e dados públicos para verificar a cobertura florestal, garantindo transparência.
- Mercado: O TFFF incentiva a demanda por títulos de dívida sustentável (green e blue bonds), atuando de forma complementar ao mercado de carbono.
- Banco Mundial (BM): O conselho do Banco Mundial aprovou em outubro a sua função como agente fiduciário e administrador inicial do TFFF, hospedando o secretariado por três anos. O BM usará os rendimentos para alimentar um fundo intermediário que fará os pagamentos elegíveis por resultados, baseados nas imagens de satélite.
O êxito do modelo dependerá da efetiva captação dos recursos prometidos, da implementação dos mecanismos de monitoramento e da capacidade de converter a conservação em instrumento de desenvolvimento sustentável para as comunidades locais.











