Congresso derruba 13 vetos em maior derrota para Lula e Haddad

Desoneração da folha custará R$ 18,4 bi; marco temporal atende o agro e queda de veto ao arcabouço tira do Planalto a liberdade para investir em 2024

Derrotas para Haddad e Lula se deram mesmo depois de o governo liberar quase R$ 10 bi em emendas nos últimos dias - Foto: Divulgação
veto tema situação
1 de 2023 Localização de doadores de medula óssea mantido
10 de 2023 Quadros de pessoal efetivo do Ministério Público da União derrubado
12 de 2023 Pensão especial aos ex-integrantes do Batalhão Suez derrubado
13 de 2010 Gratificação de devida aos funcionários efetivos da Câmara dos Deputados parcialmente mantido
13 de 2023 Regularização ambiental parcialmente mantido
14 de 2023 Lei Geral do Esporte adiado
17 de 2023 organização dos ministérios adiado
18 de 2023 Programa Minha Casa, Minha Vida adiado
19 de 2023 Programa Escola em Tempo Integral mantido
20 de 2023 Simplificação de obrigações tributárias acessórias parcialmente mantido
21 de 2023 Benefício de Prestação Continuada mantido
22 de 2023 Fornecimento obrigatório de uniforme escolar na educação básica mantido
23 de 2023 Novo Arcabouço Fiscal parcialmente derrubado
24 de 2023 Serviços de vacinação derrubado
25 de 2023 Servidores do Poder Judiciário da União derrubado
26 de 2023 Atualização do Código Penal Militar adiado
27 de 2023 Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) parcialmente mantido
28 de 2023 Fundo Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e Defesa Civil mantido
29 de 2023 Bolsas de pesquisa derrubado
3 de 2023 Política Nacional de Educação Digital parcialmente mantido
30 de 2022 Despacho gratuito de bagagem adiado
30 de 2023 Marco Temporal de Terras Indígenas parcialmente derrubado
31 de 2023 Compensações da União a Estados e municípios mantido
32 de 2023 Profissão de tradutor e intérprete de Libras mantido
33 de 2022 Renegociação de dívidas do Fies mantido
33 de 2023 Marco Legal das Garantias de Empréstimos parcialmente derrubado
34 de 2022 Metodologias alternativas nas escolas do campo derrubado
34 de 2023 Adicional de Periculosidade a Motoristas derrubado
38 de 2023 Prorrogação da desoneração da folha de pagamentos derrubado
39 de 2022 Reembolso de eventos cancelados na pandemia mantido
46 de 2023 Lei de Segurança Nacional e crimes contra o Estado Democrático de Direito adiado
5 de 2023 LOA (Lei Orçamentária Anual) de 2023 parcialmente mantido
57 de 2022 Fundo Geral de Turismo mantido
58 de 2022 Surdez unilateral derrubado
6 de 2023 Campanha Nacional de Prevenção da Exposição Indevida ao Sol mantido
64 de 2022 INB (Indústrias Nucleares do Brasil S.A.) adiado
65 de 2022 Autocontrole agropecuário adiado
67 de 2021 Marco legal das ferrovias parcialmente derrubado
8 de 2023 Remuneração dos cargos da ANM (Agência Nacional de Mineração) e dos militares e bombeiros dos ex-Territórios adiado
9 de 2023 Áreas de Reserva Legal adiado
Fonte: Congresso Nacional // OBS: se um veto teve mais itens derrubados ele foi considerado “parcialmente derrubado”, caso tenha mais itens mantidos foi considerado “parcialmente mantido”

 

As derrotas no Congresso se deram mesmo depois de Lula ter liberado o pagamento recorde de R$ 10 bilhões em emendas ao Orçamento para deputados e senadores nesta semana. Não adiantou. Houve então resignação do Palácio do Planalto, que teve de aceitar um acordo amplamente desfavorável ao governo. Lula e Haddad receberão em troca apenas uma promessa de aprovação da MP 1.185 antes do fim de 2023 –algo cujo resultado é diminuto em comparação com o que os lulistas esperavam obter até ontem.

Fernando Haddad, o líder do Governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) e o ministro da articulação política, Alexandre Padilha (PT), deram sucessivas entrevistas nos últimos dias. Repetiram que a desoneração da folha de pagamentos era inconstitucional. Todos anunciaram que um acordo seria fechado para ter uma medida provisória no lugar. Algo que seria menos danoso em termos de perda de receita. Deu tudo errado. A articulação política do Planalto teve o seu maior fracasso no 1º ano do mandato de Lula.

É importante registrar que tudo isso estava já no radar desde a metade de novembro, há 1 mês. Ainda que o problema já estivesse contratado, o presidente Lula preferiu manter sua viagem no fim de novembro para Dubai, nos Emirados Árabes, com mais de 10 ministros juntos. Todos foram para a reunião da ONU sobre mudanças climáticas, a COP28. O petista sonha em construir uma carreira internacional de relevo para, eventualmente, disputar o Prêmio Nobel da Paz. Até agora, já passou 62 dias fora do país neste 1º ano de mandato.

Mesmo sabendo que precisaria equacionar a possível queda do veto à desoneração, o próprio Haddad foi na comitiva de Lula para Dubai. O ministro havia dito em 24 de novembro que só na volta dos Emirados Árabes apresentaria uma solução para substituir a desoneração da folha de pagamentos. O ministro da Fazenda viajou, voltou e nunca ninguém teve detalhes dessa possível medida provisória. Soube-se apenas que seria uma proposta para escalonar o fim do benefício.

A viagem para Dubai rendeu muita mídia positiva para Lula no Brasil, mas quase nada no exterior. Ao contrário, a participação brasileira recebeu mais cobertura negativa que positiva, com vários veículos internacionais relevantes dando ênfase à decisão do Brasil de aderir à Opep+ no meio de uma conferência sobre mudanças climáticas.

Além da queda do veto à desoneração da folha de pagamentos, outro muito relevante também foi derrubado e impõe uma condição dramática para Lula em 2024. Trata-se do dispositivo que voltou a valer no arcabouço fiscal e que impede que o presidente da República, por meio de uma proposta de lei ordinária, retire determinados investimentos do cálculo de deficit fiscal.

Como em 2024 haverá deficit nas contas públicas, mas a meta de deficit fiscal zero foi mantida –por insistência de Haddad e decisão de Lula–, o governo ficará obrigado a cortar gastos até o final de março. É nesse mês que será publicado o primeiro relatório de desempenho das contas públicas. Os cortes vão atingir obras do chamado PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Se o veto de Lula tivesse sido mantido, o presidente teria a possibilidade de propor uma regra que “excepcionalizasse” as despesas com algumas obras do cálculo de deficit. Isso não é mais possível. É quase certo que haverá paralisia de projetos no ano que vem.

O presidente tem reação sobre o assunto que causa insegurança a pessoas próximas. Quando alertado sobre o fato de que será inevitável fazer cortes no início do próximo ano, demonstra não ter ideia dos riscos envolvidos. Diz que não permitirá cortes. Diante da réplica de que serão indispensáveis pelas regras legais, responde que segue otimista.

Esse veto ao arcabouço fiscal foi feito com apoio do governo, que teve de se resignar e fazer um acordo com a oposição no Congresso. Entre senadores, foram expressivos 63 votos a favor da derrubar o veto e só 1 para manter. Na Câmara, foram 410 votos a favor e apenas 38 contrários.

Fonte: https://www.poder360.com.br/congresso/congresso-derruba-13-vetos-em-maior-derrota-para-lula-e-haddad/

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