
O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, acusou publicamente o Japão de estar ameaçando militarmente a China, classificando a postura de Tóquio como “completamente inaceitável”. A declaração foi feita em meio a uma escalada de tensões recentes, desencadeada por um incidente aéreo e pela discussão do status de Taiwan.
A reestruturação da matéria, com foco em clareza e organização, aborda os seguintes pontos: o estopim da crise, as declarações chinesas, a resposta japonesa e o debate histórico e legal sobre Taiwan.
O estopim: incidente aéreo e acusações mútuas
As tensões se intensificaram após um encontro aéreo no Estreito de Miyako, onde aeronaves militares japonesas e chinesas estiveram envolvidas:
- Versão Japonesa: Tóquio denunciou um ato perigoso, afirmando que caças chineses apontaram seus radares de mira para aeronaves militares japonesas. Este tipo de ação é considerado um passo perigoso que ultrapassa os limites da segurança.
- Versão Chinesa: Pequim, por sua vez, acusou o Japão de enviar aeronaves para se aproximarem repetidamente e perturbar a Marinha chinesa enquanto esta realizava um treinamento de voo embarcado previamente anunciado.
O secretário-chefe do Gabinete do Japão, Minoru Kihara, reiterou a posição de Tóquio, afirmando que a “iluminação intermitente de feixes de radar é um ato perigoso” e recusou-se a confirmar se Pequim ignorou os chamados feitos pela linha direta bilateral de comunicação de crise estabelecida em 2018.
China: Japão tenta “explorar a questão de Taiwan”
Durante uma reunião com o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, em Pequim, Wang Yi fez declarações contundentes que ligam a postura japonesa ao passado colonial e à questão de Taiwan.
Segundo Wang, o Japão, “como nação derrotada” na Segunda Guerra Mundial (cujo 80º aniversário do fim é comemorado este ano), deveria agir com maior cautela.
“No entanto, agora, seu atual líder está tentando explorar a questão de Taiwan — o próprio território que o Japão colonizou por meio século, cometendo inúmeros crimes contra o povo chinês — para provocar problemas e ameaçar militarmente a China. Isso é completamente inaceitável”, declarou Wang, segundo a agência de notícias estatal chinesa Xinhua.
As relações se deterioraram ainda mais desde que a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, alertou que Tóquio poderia responder a qualquer ação militar chinesa contra Taiwan, caso isso ameaçasse a segurança japonesa.
O debate histórico sobre Taiwan
A raiz da disputa está no status de Taiwan, que a China (República Popular da China – RPC) reivindica como seu território, e que Taiwan (República da China – RC) rejeita.
- O argumento chinês: Wang Yi afirmou que o status de Taipé (Taiwan) foi “inequivocamente e irreversivelmente confirmado por uma série de fatos históricos e jurídicos incontestáveis”. Ele argumenta que, como a RPC é o Estado sucessor da RC, ela “naturalmente” detém soberania sobre a ilha.
- O argumento taiwanês: O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Taiwan, Hsiao Kuang-wei, afirmou que a ilha “absolutamente não faz parte” da República Popular da China e nunca foi governada por ela. Taiwan defende que somente o seu governo, democraticamente eleito, pode representar seus 23 milhões de habitantes na comunidade internacional.
Contexto histórico: O Japão administrou Taiwan como colônia de 1895 a 1945. Ao final da Segunda Guerra Mundial, a ilha foi entregue ao governo da República da China, que se refugiou nela em 1949 após perder a guerra civil contra os comunistas de Mao Tsé-Tung, que fundaram a República Popular da China.











